Não foi nela que nasci mas foi por ela que me apaixonei... 17 anos depois, ainda me custa dizer adeus de cada vez que volto para casa... Tudo pára naquele sítio e no entanto, tudo acontece... bem devagar, contrariando as marés do rio em que tantas vezes me banhei, alegrando o meu ser com tantos momentos, dignos de serem apreciados bem devagar!
Os amigos que lá continuam, numa vida bem diferente da minha, prendem-me ainda mais a esta estranha forma de saudade... a esta tristeza que se esvai em alegria, de todas as vezes que lá vou.. E perco a conta... das vezes que viajei em busca do meu ser... das vezes em que me encontrei perdida a vaguear pelas ruas estreitas e calmas, numa serenidade nunca atingida por esta cidade em que nasci...
Não conheço mais sítios, onde os milésimos de segundo durem minutos quase infinitos a passar mas sem qualquer aborrecimento... há sempre algo mágico que acontece... há sempre algo para viver e respirar. Onde uma gargalhada é genuína e não por mera conveniência, onde as gentes nos recebem de braços abertos e olhos vendados.
Esta é a vila que me viu crescer, a mesma onde não há lugar para meio termo: Ou é ou não é, ou se ama ou se odeia mas de forma alguma, passa despercebida... Esta é a vila onde eu sou e que amo... sou portuense, mas a minha alma é, como alguém um dia disse: fangueira! Com muito orgulho...
Da janela olho o rio... sinto saudades de quando o navegava no pequeno barco branco a motor, desviando-me das ervas que encalham o barco, escondidas pela subida das águas, a sentir o vento na cara e a adrenalina a correr nas veias... sorrio... ainda não é hoje que me vou daqui...pelo menos, não no coração...
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