segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Fim de tarde

Entro no café e sento-me na cadeira dura de madeira castanha escura, à mesa mais escura ainda, sobre um chão preto e paredes vermelhas... "Quero um café curto, forte e quente" saiu-me da boca após vários cafés mal tirados. Noutra mesa ao lado, 4 mulheres de meia idade riam, falavam e discutiam... tudo num tom três vezes mais do que o som permitido aos meus ouvidos num final de dia.
Reparo nelas enquanto saboreio o café (novamente mal tirado... está fraco, cheio e morno)... são 4 mulheres que, maltratadas pela vida, tentam a todo o custo recuperar a beleza nunca tida... É caso para dizer, que as rugas as tornam... menos feias... (há casos assim... o George Clooney por exemplo... mais velho e cada vez com mais charme...), a base na cara, pelo contrário, só evidencia mais os papos de gordura debaixo dos olhos, as rugas, as madeixas loiras com raízes pretas, os cortes da moda numa versão oleosa... e não... não estou a ser má... não posso ser pior do que a vida foi para elas... retrato apenas que aquelas mulheres divorciadas, sedentas de homens, que vestem de dourado em abundância e usam perfume falsamente francês, estão apenas a iludirem-se a elas mesmas, quando pensam que são jovens, belas, interessantes e inteligentes... Não são! E novamente, não sou eu a má da fita... ou então sou... se ser má representa falar a verdade... Como podem ter quase 60 (a parecer 80) e considerarem-se jovens de 30 anos? Como podem ser belas se disfarçam a pouca beleza com maquilhagem de guerra? Como podem ser interessantes ou inteligentes, se neste preciso momento estão a discutir quem toma mais anti-depressivos?
À noite, em casa vestindo as suas camisas de noite até abaixo dos joelhos, sem maquilhagem, fita no cabelo, tendo por companhia apenas um cão ou gato, choram a triste sina... o caminho de inutilidade que seguem dia após dia, esquecendo que às vezes, sozinha é melhor... Esquecendo que se não vivessem tanto pelas aparências e mais pela simplicidade, a vida podia correr bem melhor... Mas amanhã... amanhã as 4 se voltarão a reunir ali... na mesma mesa, no mesmo café, nas mesmas cadeiras, nas mesmas conversas e figuras... a diferença? É que estarei longe dali... com a crise que por aí anda, não posso dar-me ao luxo de ser masoquista e pagar para me darem cariocas de café a preço de cafés expresso...

3 comentários:

Maresia disse...

A velhice bate a porta de todos nós, não ao mesmo tempo a todos, mas ninguém será eternamente jovem, há que saber assumi-la, embora o espirito jovem se possa manter, mas sem nunca se cair no ridiculo é um facto

Maresia disse...

bjs!

Anónimo disse...

...des...é um prefixo (vamos là a vêr se nào ponho o pé na argola) muito utilizado en portugal. Por exemplo: pédes um kafé e serven-te um deskafé; isto é un des-kuido des-kumunal, é mesmo de des-konfiar...porké ke nas farmàcias näo servem des-komprimidos?!Häm?

ventinhos