Deitada na cama grande, envolvida por lençóis polares e edredon, sonho. Sentada numa rocha, olho o horizonte num rosa amarelado. Cá em baixo, muito em baixo, está o rio que me puxa para o fundo. Tenho uma corda presa no pé descalço, pintado nas unhas num vermelho vivo e uma saia que voa ao sabor do vento. São os dois medos que ali enfrento, estranhamente, calma... Eu sei que é um sonho, que mais tarde ou mais cedo vou despertar para uma cama quente e virar-me para o outro lado da almofada, sob o céu cinzento de inverno...mas para já, não quero acordar. Sinto-me estupidamente segura, sentada num abismo de morte eminente.
Sem asas que me salvem, olho a corda que me liga à vida... que me trava os pés, os passos, o ser... que me mantém ali... aqui! Sou interrompida por uma voz que me diz: "Salta! É hora..!"... Tiro a corda do pé, levanto-me, abro os braços e deixo-me cair... caio... e volto a cair, sempre numa descida vertiginosa mas demasiado lenta... e quando já estou farta de cair sem nunca aterrar, algo invisível me prende pelo pé. Como se a corda nunca tivesse saído de mim... cabeça para baixo a 1 centímetro da água... "Bolas!"- pensei... "Vou acordar.."... Desperto com uma dor incrivelmente forte no tornozelo esquerdo, no mesmo pé das unhas vermelhas... Suspiro, saio de casa e estranhamente o céu de inverno estava rosa amarelado... Coincidência?
E assim começou mais um dia estranho em que tudo sabe ao que não é na realidade.
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