quinta-feira, 24 de maio de 2012

Acordar

É cedo. Demais. A luz do dia entrou-me na vista e acordou-me do sonho. Do meu, do nosso. Estranho e confuso como tudo o que nos envolve. Viro de um lado, do outro. Pé de fora, dentro. Nada me devolve ao sono, ao sonho, seja lá ao que for.
Sento-me nesta mesa de vidro enquanto ao fundo ouço sem ouvir, o som do meu despertar com cheiro a café. Reajo maquinal e instantaneamente. Meto algo ao estômago e chamo-lhe de pequeno almoço e leio recortes electrónicos de palavras que não são minhas. Mas podiam ser. Seriam se os tempos fossem outros. Se os momentos fossem gémeos e se as palavras fossem reais e não meramente uma alucinação minha. Não me interpretes mal. Mas ás seis e meia da manhã apetece-me sempre algo que não tenho. A madrugada leva-me as palavras, rouba-me a força e deixa-me entregue ao pensamento apenas. E é cedo. Demais. Para pensar profundamente. Para chorar ou sorrir, seja lá qual for o sentimento.
Nem todos os goles de café me saberiam despertar para uma conclusão, que surge confusa e levada no meio deste nevoeiro matinal. Imagino o que fazes a estas horas e sorrio ao descobrir. Fecho o computador, visto-me e saio de música nos ouvidos numa tentativa de sonhar sem pensar. Sem deixar que a realidade cinzenta que nos envolve, estrague tudo o que desejo. Para mim, para ti, para nós. Sem pensar. Porque mesmo com o tempo a passar, há coisas que não esqueço.

2 comentários:

Anónimo disse...

Parece-me haver aí um jeitinho especial e bonito de escrever :)

Strawie disse...

Obrigada ;)