É cedo ainda. A luz que entra nos olhos cega-me de verde e branco.
E vai cheio o comboio. Cheio de vazio e silêncio. Um ou outro ronco, que ficou por dar durante a noite mal dormida, ecoa ao fundo num corpo pesado e sem vida.
Nada aqui me desperta. A paisagem é sempre igual, as caras também e no ar respiram-se as memórias de uma cidade destruída pela guerra, em partes que não tiveram direito a reconstrução.
Muda a música, vira-se a página do livro e tudo se mantém imutável. Um silêncio ruidoso de um comboio parado nos anos, que atravessa as fronteiras do espaço e tempo, uma língua imperceptível que soa nas colunas alerta a próxima estação, sem que esta seja a minha. Não há casa no estrangeiro. Não há um lar numa terra que não é nossa. Há albergues. Lugares comuns. Mas não um destino final. Tudo é temporário. Como a nossa vida da forma que a conhecemos. Como esta viagem de meia hora.
Porque viajarmos de manhã cedo, por entre uma paisagem repetitiva, nos lembra rapidamente como a vida pode ser monótona.
Presa aqui, por entre caras pouco familiares ou amigáveis, que nada mais são do que meros espelhos da história, é uma lição que não queria aprender. Não desta forma. Verde no branco. Preto no cinza.
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