Debaixo das luzes que tanto desdenhei, queria estar neste momento. Debruçada sobre as grades que tantas vezes agarrei sem olhar para baixo. Atravessar a margem de um lado para o outro sob um rio a que nunca soube dar valor e encurtar as distâncias em breves minutos. Porto-Gaia, Gaia-Porto, Colónia-Porto.
Está na hora sim. De voltar a casa. De repousar umas malas e fazer outras. De largar os amigos e rever os antigos. De deixar estas ruas e perder-me nas que conheço como a palma da mão. Falta pouco. Por quanto tempo ainda não sei... sei apenas que quero nada mais do que tudo. Tudo o que é simples, belo e que um dia deixei de gostar. Quero o mar, quero o cheiro da maresia no meu quintal em noites de verão, quero a areia quente nos meus pés e a água gelada a congelar-me o corpo. Quero um favaios na minha cerveja, quero risadas de antigamente trazidas ao de cima numa qualquer esplanada da baixa, quero a música que deixei em casa, as minhas coisas, a minha família... quero tudo o que deixei para trás. Quero a simplicidade do nada. Quero os silêncios e a cumplicidade em noites passadas em branco. Quero apagar a saudade. E depois, voltar aqui, aonde já comecei uma vida.
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