Acontece-me com frequência... pensar na vida e achar que tudo está igual ao que sempre foi. Em mim, vejo a mesma menina e os mesmos sonhos, a mesma maneira de ser e a mesma forma de pensar.
Olho à minha volta e constato a diferença. Uma casa que só é minha à pouco tempo, os móveis que estranhamente chamo "meus", uma vida num país diferente, novos amigos e um emprego que me preenche e me brinda com sorrisos quase todos os dias. E mesmo assim. Olho o espelho e vejo a mesma pessoa. Não passa o tempo tão depressa quanto dizem. Pelo menos para mim. Nos outros, vejo-o em velocidade supersónica. Mudam a aparência, mudam as roupas, a forma de actuar mas no final do dia quando se olham ao espelho, percebem que continuam iguais a eles mesmos. As mesmas escolhas, envoltos não naquilo que pensam mas no que os outros pensam deles. A viverem a vida como mandam os livros, uma família, casa, filhos e casamento, perdidos numa qualquer lista de objectivos para 2012... mesmo que isso não represente quem são.
E eu odeio esta sensação de perda mesmo que não seja uma derrota minha. Odeio olhar para eles e constatar que continuam a errar da mesma forma que o faziam no passado. Odeio pensar que escolheram certos caminhos só porque era mais conveniente ou seguro e odeio que os meus amigos se tenham transformado em quem sempre criticaram. E aí sim... mesmo não sendo uma derrota minha, eu sinto-me como se fosse. Sinto-o sempre que os convido para sair à noite e me dizem que os filhos não deixam, ou quando a caminho do casamento, lhes pergunto se estão felizes e me respondem: "Não sei". Sinto-o nos programas de sábado à tarde passados em família numa qualquer actividade que não gostam e sinto-o na inveja que dizem ter quando lhes conto o que tenho feito, mesmo que para mim me pareça banal...
Odeio. Não as escolhas que optaram mas que não sejam felizes com elas. Odeio que a evolução seja um conceito abandonado algures no caminho.
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