A um mês do Natal, continuo sem saber porque vou regressar a casa... Porque tenho de largar um país que já adoptei para ir a outro de quem me divorciei?
Só a família e alguns amigos me fazem regressar. Só pelos seus sorrisos... pelas suas saudades... Mais nada. Eles não compreendem. Como posso não querer ir a casa numa altura como esta? Perguntam eles... Motivos? Muitos... não quero estar triste, não quero ver a tristeza das pessoas, não quero ver as lojas fechadas, não quero ver a crise, os ladrões que roubam por meia dúzia de cêntimos, os políticos que roubam mais do que todos eles juntos, não quero ver falsidade, ironia... queria apenas estar longe de tudo isso... porque na realidade, já não me diz nada... já não é a minha casa... já não são as minhas ruas... já não conheço a cidade como a palma da minha mão, mesmo que nada tenha mudado.
Mas vou. Viagem marcada para seis dias. Até ao meu regresso... se não fosse por vocês, nem sequer colocava a hipótese...
1 comentário:
Eu nunca tive "as minhas ruas" ou, quando as tive e começava a senti-las como minhas, logo as abandonava para sempre. Chorava até. Cresci assim e então as minhas ruas passaram a ser quaisquer umas, em qualquer lugar. E, aos poucos, comecei a habitar um lugar maravilhoso: o das pessoas que amo. Elas são "a minha rua", a minha casa, quer estejam no mesmo espaço físico que eu ou não. Assim todas as ruas são fantásticas e, a minha casa meio etérea sou eu própria albergando os meus amores
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