Faz hoje um ano. Armada com uma mala pequena de 8 kg, saí de casa naquele dia com uma sensação horrível de quem não ia voltar tão cedo, embora eu achasse que na semana a seguir ia voltar.. daí a mala tão leve... Não foi fácil. Não o sair... para isso estava sempre disposta... foi difícil o não ter data para voltar quando nem sequer queria sair, pelo menos para aqui. A minha mãe, emoção em estado puro, chorava que nem uma "madalena arrependida", e eu, fazia o dueto... Não esperava o trio. O meu pai, sempre tão forte aos meus olhos, tinha agora os dele, molhados e frágeis. Portanto se me perguntarem o que custou mais, direi com toda a certeza que foi ver o meu pai chorar. Se lhe referirem isso agora, não irá mentir mas concerteza irá dizer que foi choro de alegria por se livrar de mim =)...
E passou um ano. Momentos difíceis, muito difíceis, assim-assim e outros, muito felizes. Os dias simplesmente felizes, são o dia-a-dia. E eu, já não penso voltar... pelo menos para ficar... porque voltar de férias, já voltei várias vezes. Aprendi a gostar dos alemães, a viver com eles e a comer o mesmo que comem... A respirar o mesmo ar (mais puro), a reciclar o lixo e a ler um livro nas viagens do metro. Larguei o carro e rendi-me à bicicleta e são constantes os passeios pelo parque em horas menos ocupadas. Tenho finalmente a minha casa, o meu trabalho e os meus amigos a uma distância de 30 minutos de comboio.
Não quero com isto dizer que encontrei o sítio onde quero viver para sempre. A Alemanha é pequena demais quando comparada com o resto do mundo mas neste momento parece ser o único sítio que não está em crise e onde realmente somos reconhecidos pelo que somos.
Seja como for, parabéns a mim. Parabéns à Alemanha por me receber tão bem. E sim, já passou um ano...
2 comentários:
Há dores que o tempo cura, mas não as de ver um filho OBRIGADO a sair do seu país devido à desonestidade, à mentira, à corrupção e à falta de carácter dos que se dizem governantes. A dor morrerá connosco, mas conseguimos estar felizes e orgulhosos da nossa filha, que teve asas para fugir do inferno e conseguiu encontrar um lugar onde se pode viver com tranquilidade e ser verdadeiramente feliz. Um lugar onde os labregos e os mal formados não conseguem ser ditadores de todo um povo. Conseguimos ficar felizes, chorando, porque ouvimos a nossa filha rir e vemos a nossa filha ter uma vida e mil possibilidades de escolha, ser livre. E sim, mil parabéns por seres uma vencedora. E por teres optado não viver num pardieiro que alguns chamam de país
Aprende lá o alemão depressa e deixa-te de fazer coceguinhas ao futuro - esse ingrato.
Mas bem, aqui nem esse ingrato terias para fazer cócegas...!
E sim, chorei foi de alegria de te ver desamparar a loja...hehe!
Rapaaaaz! ( como diz o Boy)
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