Neste manto branco de neve, flutuo. Perco os pés e o resto do corpo, em movimentos descoordenados de quem vê neve pela primeira vez. Não é a 1ª mas é como se fosse.
Não penso em nada e no entanto, mil e uma imagens batem como fotos acabadas de tirar, na minha memória... "tchak! tchak!"...
Faz tempo que não te escrevo. A última vez foi ainda no meu lugar preferido. Longe da neve, longe desta gente que me olha como se eu fosse uma atracção de circo. Aqui, faltam lugares preferidos. Posso perder-me em qualquer lugar que ninguém me conhece mas a vista, está longe de ser a melhor... falta descobrir se a paisagem é feia ou se sou eu, incapaz de a contemplar.
E eu páro. Não consigo sentir o frio da neve. O meu coração bate forte com a incerteza dos sentidos. Quero lembrar-me que te amo e não consigo. Quero lembrar-me que não te amo e não consigo. Quero sentir o frio da neve em mim, provar a mim mesma que depois de tudo, ainda há vida em mim e não apenas um coração de gelo.
Flutuo e movimento-me sem esforço. A memória ficou presa entre uma recordação e outra. Sei quem sou mas não o que sinto. Vivo pela 1ª vez ao invés de sobreviver mas não sei do que me alimento.
E talvez aquilo que todos chamam de vida, não seja mais do que isto... um jogo constante de sorte e azar. Do gato e do rato. Do viver cada dia como se fosse o último. Com direito a recompensas e punições como se fossemos ratos brancos de laboratório. Um jogo de criança em versão adulta de não petiscar quando não se arrisca.
E eu só peço a verdade... será pedir demais?
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