O inverno chegou sem ter realmente chegado. Os alemães fecham-se em casas quentes, em programas com a família ou consigo mesmos e as ruas, são desertos que se estendem por metros e esquinas, ruas e vielas.
E eu estou só. Nós os portugueses, somos pouco dados a estar por casa ao domingo. Muito menos se estivermos sozinhos. As ruas estão desertas, as lojas fechadas e não há muito a fazer neste panorama. A Alemanha como a vejo agora, não me parece um sítio habitável, possível, feliz...
Sento-me por fim num café. A esplanada mesmo ao frio, torna-se mais confortável do que o interior e troco olhares com quem me olha como uma visão de paraíso. Pergunta com um olhar, aquilo que aceno com um gesto. Sabe bem o que quero mas não quem sou. Tem corpo de menino que cresceu demais, vinte e poucos anos e sonha que os meus 32 anos sejam 20. Sorrio, não sou eu que lhe vou partir o coração. Não sou eu que lhe vou explicar o quanto a vida é mais do que trabalhar aqui o dia inteiro. Daqui a um mês, voará para outras paragens e eu deixarei de ter a quem sorrir...
Passa um e outro. E mais um corpo que se arrasta no frio. De uma estação para a outra, os alemães mudam conforme vestem mais uma peça de roupa. Outrora felizes, sorridentes e simpáticos e agora, sérios, como se o frio lhes congelasse as emoções.
E eu não preciso disto. Preciso totalmente do oposto. Preciso de animação, dos meus amigos e família, de algo que desconheça, de uma vida diferente e mais feliz se possível, num país que amo mais do que este.
A bem dizer, sei bem o que quero, só não sei como o conseguir...
Pago por fim o café. A conversa habitual sobre o olhar sorridente de quem me escuta, é suficiente para 10 minutos de ilusória felicidade. Volto a casa e volto ao mesmo. Nada se fez, nada se criou, nada mudou.
1 comentário:
Como te entendo.. a debater-me com acessos de melancolia, e rusgas emocionais.
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