terça-feira, 30 de setembro de 2014

Alemanices

Pôr um alemão a falar português resulta em duas coisas: muitas palavras novas e risadas que fazem doer os maxilares... E isto tudo entre um "churrisco" (churrasco), em "roubão" (roupão).

Pensamento do dia

"Quem é vivo sempre aparece"

Dia d

Palavras. Mentiras. Conspirações. Chegou o dia da justiça final. Aquele que tarda mas sempre chega. É dia de lavar a roupa suja, deitar fora a velha e comprar nova. Respira-se melhor. Foi embora o peso de quem só sabia falar mal dos outros. Trabalhava muito para estragar o trabalho dos outros e muito pouco pelo emprego em si. E mesmo assim, ainda se espanta que este dia tenha chegado. Não chorou. Não gritou. Veio embora e no caminho vomitou ainda mais mentiras.
Ofertas não lhe faltam, diz. Só não refere onde e com quem. Certamente em nenhum sítio sério.
E eu estou triste. Pelas pessoas que mereciam trabalhar e não podem e irritada com pessoas que num mundo em crise e idade avançada, brincam assim com coisas sérias.

Saudade

Se eu pudesse escolher, escolheria que o meu país não fosse um lugar impossível de habitar. Que a vida fosse menos difícil. Que eu estivesse mais perto daqueles que carrego no coração. 
Sinto falta de mim, do meu ser que lá deixei. Da minha história. As minhas coisas, agora empacotadas em meia dúzia de caixas. Os meus lugares preferidos. Os que se venderam, os que ainda sobrevivem e os que não se compram. O mar. O cheiro da maresia em noites de verão.
Se eu pudesse escolher, era lá que construía a minha vida. E seria feliz. Os poucos amigos que ainda lá vivem, dizem-me que ficam... Para segurar as "pontas" do país, até ser seguro eu voltar de vez. E eu choro. Choro de saudade e também por não saber quando será esse dia ou se alguma vez vai voltar a existir. Se eu pudesse escolher, era lá que estava agora. Num café entre amigos, um jantar de família, a mesma que vive menos feliz com a minha ausência em dias importantes.
Aqui, todos os dias são iguais. Sabem ao mesmo seja rodeada de turcos ou alemães. Faça sol ou chuva e o tempo, é passado a contar os dias que faltam para o regresso... Nem que seja temporário. Se eu pudesse escolher, já lá estaria.


domingo, 28 de setembro de 2014

Love it

Love

Adeus

Dois anos. É tempo. Chega a hora de fazer o luto. Acabam-se as conversas. Terminam-se capítulos. Fecham-se os livros. Recomeça-se tudo de novo. Com novas personagens. Novos cenários. Mas não contigo. 
Continuo sem saber o que te aconteceu. Porque morreu a nossa única forma de contactar. Porque um "até breve" dura dois anos. Se estás finalmente aqui ou se continuas em viagem. Nem sei se alguma vez vou saber. Mas chegou a hora. Não vou mais perder um segundo que seja, a pensar em ti. Em nós. No que éramos e acabou sem que eu fosse informada. A paciência de um português, tem uma elasticidade enorme. A minha, é digna de recordes mas não infinita. O tempo passa e eu cresço com ele. O calor vai-se e a neve toma conta da cidade. De mim, da minha alma. A pele torna-se mais rígida e já não sinto como antes. 
Se no fundo de ti, ainda existe parte que insiste em me lembrar, pára e recomeça. Quem lembras não existe mais na tua vida. A Zu desapareceu entre a multidão alemã e transformou-se em "Iohanna". Ela e eu, não somos mais quem fomos um dia. Não te conheço mais. E nunca me lembro de quem não conheço. Hoje, morres para mim.

Festa!

E não é que na data em que este tasco conta sete velas num bolo fictício de café, o meu contador ultrapassa as 50000 e volta a zeros? Ahahahah. Happy birthday a mim. O próximo café é por conta da casa.

Friends will be friends

Diz-me que és diferente dos outros. Que não trais quem amas, que não vê o que não sente e que não ilude quando não quer. Evita os olhares, as conversas que temos. As gargalhadas que me tentas provocar. Mostra-me que a amizade é possível.
Mas está alerta. Para mostrares tudo isto, é necessário que sejas diferente. Que ames quem prometes não trair, que não sintas o que pensas ver, que não te iludas no que não existe. Só aí, permitirei os olhares, compreenderei as conversas e rirei das piadas. Nesse dia, seremos amigos. Até lá, procura-te. Descobre-te. Entende-te e não procures por mim ou pelo que desconheces.

I wanna play a game

... E ela disse: "Vamos brincar as duas, um jogo de vários jogadores. Vamos fazer de conta que tu não tens emprego mas tens. Que não há lugar para ti mas há. Que és uma merda que não és. Vamos fazer de conta que não sei o que vou fazer quando na realidade até sei e jogar este mesmo jogo por meses, até te fazer quase perder a paciência e já só tens uma semana. E agora pergunto-te, o que vais fazer no dia 1 se descobrires que não tens emprego? Responde-me mas como se tudo isto fosse um jogo meu sobre a tua vida, como se de mim, ela dependesse".
... E eu pensei: "Fácil. Primeiro manda-se um ou outro CV. Juntam-se os diplomas que atestam a minha burrice, as numerosas cartas de recomendação que me recordam da merda que sou e no fim, esperam-se as respostas que não tardam em chegar". 
O jogo ficou empatado e agora chegou a minha vez de recomeçar um novo. E eu disse: "Vamos esquecer os outros jogadores e ir directo ao xeque-mate. Vamos fazer de conta que quero um emprego aqui e não ali. Que sou uma merda e por isso muitos outros me querem. Vamos esquecer a licenciatura e as cartas de recomendação e dizer educadamente - vai à merda- sem medo do peso das palavras. E agora sou eu que pergunto: o que vai fazer se no dia 1 lhe deixar um lugar por preencher?".
A resposta não demorou. No dia 1, não haverá lugares vagos nem despedimentos. Jogo vencido. Mais importante do que um diploma, é mesmo ser bom jogador.