Corríamos entre dois caminhos. Hospital-casa. Casa-hospital. Agora fica. Agora vai. Agora demora. Agora é rápido. Agora dói, agora não. Parecíamos perfeitas baratas tontas e já nessa altura nada mais fazia sentido na pressa de te conhecer. Tardavas em vir. Desesperávamos em ansiedade. A tua mãe desesperava. O teu pai ansioso atendia as chamadas. A avó roía já as unhas que não tem. O avô não sabia o que fazer e a tia, eu que nunca tive um bebé que fizesse um pouco parte de mim também, só queria que as horas passassem rápido para te poder ter nos meus braços.
Ouvi a tua mãe gritar os últimos suspiros de dor antes de chegares. Romperam o silêncio da maternidade em horas que todos dormiam, anunciando que a partir daquele dia, nada mais ia ser igual. Fantástico. Chorei como uma menina pequena. Queria saltar aquele balcão e correr na tua direcção. Queria abraçar-te e dizer um monte de palavras que não ias compreender ainda. E tudo se resume naquele momento em que te vi. E por sua vez tudo começa aí também. Seis anos atrás, foi isto que fiz. Esperei junto com os outros, pela tua vinda a este mundo que nem sempre é o mais perfeito mas que contigo por perto, fica mais fácil de se viver. E cresceste tanto e tão rápido. Nunca gostei assim de alguém. És o melhor menino de todos mas sempre te vou defender como se fosses o mais frágil ser porque para mim, és um dos meus maiores tesouros e como diz o poema, "quem ama, cuida". Por isso meu amor, a tia chora hoje. Num misto de alegria de te ver comemorar mais um aninho e tristeza por não poder estar por perto para te dar a prenda que me pedes sempre ao telefone, uma e outra vez sempre na mesma voz embargada: " tia, quando vens cá?". Em breve meu tesouro, em breve. Parabéns meu bom menino.