quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

Real world


Emburrecemos e ninguém nos diz nada. Alimentam-nos a estupidez, desconectamos-nos de tudo o que aprendemos na escola e na vida e tornamo-nos ridículos.
Telefones, computadores, ipads, iphones, ipod's, incapacidade, inteligência artificial. 
O dia em que iríamos ser comandados por máquinas chegou mais cedo do que esperávamos... e nós, como carneiros perdidos do seu rebanho, rendemo-nos. E agora?
Somos totalmente desprovidos de cérebro. Fazemos lutas para ver quem tem mais amigos no Facebook mesmo que só conheçamos metade. Abrimos as portas de nossa casa a meio mundo e entregamos toda a nossa privacidade numa bandeja de plástico. Deixamos toda uma vida passar ao nosso lado porque estamos demasiado ocupados a olhar para baixo, para os nossos pedaços de tecnologia.
Daqui a uns anos, iremos todos sofrer do pescoço ou até mesmo ser corcundas, não andaremos muito porque somos sedentários e a única coisa que vai mexer pelo constante uso, serão os nossos polegares... porreiro, seremos velhos entrevados mas continuaremos a ser capazes de fazer um: "thumbs up".
Transformamos-nos tanto em tão pouco tempo que perdemos a noção do ridículo. Postamos imagens ou vídeos de animais a serem maltratados, revoltamos-nos em insultos que só dizemos por estarmos atrás de um ecrã, enquanto enxotamos o gato para o chão porque nos tapa o teclado... e postamos um "amén" como se a vida de uma criança com cancro dependesse disso. Se cada vídeo ou foto destas dessem 1 cêntimo que fosse, estaríamos ricos mas como não dá, somos apenas milionários em estupidez.
Com tanta guerra e terrorismo no mundo, ainda encontramos tempo para apelidar de "nojento" o acto de amamentar em público, esquecendo que nojento é exactamente aquilo em que todos os bebés, agora adultos, se tornaram nos dias que correm.
Polémicas à parte, o David Bowie morreu. Todos sabemos mas por alguma razão, continuamos a postar vídeos mesmo não sendo fãs. Confundimos cantores e numa prova de conhecimentos falhados que postamos para o mundo inteiro, dizemos que se perdeu o "moonwalker"... Resta saber se o Michael Jackson também achava que "we can be heroes, just for one day"...
Mas ok, continuem assim... percam oportunidades na vida, lutem por ter a mais recente tecnologia e morram de estupidez... não me peçam é para fazer parte disto... e logo eu, que utilizo a tecnologia apenas para falar mal dela..
Um dia, em que me virem a amamentar em público, que não me digam nada se não quiserem ficar com um telefone ou ipod espetado na cabeça, porque nojento, é terem de explicar aos vossos próprios bebés o quanto contribuímos para regredir a raça.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

(in)capaz

Não faz sentido. A existência nestas 4 paredes sempre tão iguais.. A mesma caneca de café todas as manhãs enquanto contemplo a mesma paisagem de sempre. Passam os outros, os que se resignaram a esta vida. Os que não conhecem melhor do que esta rua triste. Não tenho fome. Sede. Força. Vontade ou alegria. Nem sequer tristeza. Estou apática. E não sei o que é pior... se chorar de manhã à noite, se querer fazê-lo e não conseguir, fazerem-nos rir e sermos incapazes. É tudo um nada imenso que me arrasta para a mesma cadeira de sempre.
A loiça que se acumula na pia. A gota que dança entre os pratos. Junto ao fogão que deixou de funcionar. Tudo morre numa morte lenta que apenas corre para me tentar apanhar mas eu fiquei transparente. Nada nem ninguém me vê mais. Nem eu me reconheço no espelho de luz ténue.
O pijama que fica no corpo por mais horas do que é costume. O cabelo sempre no mesmo penteado desgrenhado. A maquilhagem que ganha pó na prateleira. E a música. Sempre as mesmas músicas tristes que me lembram de momentos melhores que tento a todo o custo voltar e não consigo.
Estou deprimida demais para deprimir. Sou preguiçosa demais para pegar naquela faca e cortar os pulsos. E se a morte é uma consequência de estar vivo, neste momento, estar viva é uma consequência de não estar morta. Apenas isso.
É tempo. De empacotar as memórias. Abrir as caixas e enchê-las do que fui um dia. O que colhi. Acumulei. Ganhei ou comprei. Do que tentei e perdi. É hora de partir. Para onde o sol brilha de uma luz diferente. Uma paisagem colorida onde as pessoas usem um sorriso na cara. É hora de levantar.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

New year's conclusion


Há coisas, que só percebemos ou vemos, quando estamos longe demais...