terça-feira, 9 de agosto de 2016

Noites assim

Eu sei que vamos sempre dar ao mesmo. Que sempre me repito nestas horas. Mas é tarde. A escuridão do caminho não me deixa ver um palmo além do que é óbvio para mim. E agora? Onde estás tu para me receber de braços abertos quando chego a casa em horas que deviam ser de sono? Quem me aquece a cama mesmo que lá fora estejam 35 graus?
Há algo que só se entende quando estamos juntos. O calor que não chateia. Os beijos que nunca são demais. Os abraços que curam tudo. Mas não estás. E a noite repete-se... uma atrás da outra.
Não me entendas mal. A noite até nem foi comum. Diverti-me entre amigos que me fazem rir. Bebi até me afogar num copo que é pequeno demais para me afastar o calor. Ao fim do terceiro, já pensava em ti, ao quarto, via-te em todo o lado... sob a forma de outras pessoas... um amigo... um familiar... todos... menos tu. Não lhes falei. Falar era obrigação de perguntar por ti e quero evitar a todo o custo a resposta...  Sei perfeitamente que a esta hora dormes o sono de quem tem a rotina entranhada na pele como a maioria de nós. Não és tu que estás errado. Sou eu que não encontro o meu papel nesta vida. Na minha, na dos outros, na tua.
Tudo isto, na escuridão de um quarto que nunca foi meu. Nem nosso sequer. Foi de outros que não habitam mais este espaço e no corredor, apenas o som da gata que caminha tonta em busca de uma sombra que só chega agora..
Quem tive, se é que tive, não está aqui. E isso chega-me para não dormir já... perdida em mil e um pensamentos sobre algo que nem tenho a certeza acontecer. A culpa? Claro... tua. Por assombrares a minha mente com coisas que nunca quis pensar. Num quadro que nunca pintei. Pendurado na cabeceira da cama.


segunda-feira, 1 de agosto de 2016

A espera

Viro a esquina e encontro quem espero. Espero sem espera, sem saber o que espero.
E é sempre assim... as conversas de circunstância em bocas que calam vontades e os olhos a traírem as palavras ditas.
A companhia que nem sempre é a melhor. A minha, a tua, as interrupções alheias e nós ali perdidos a querer mais daquilo que desconhecemos.
Perguntas no entretanto, coisas às quais não sei responder de tão banais que são... e eu que tinha tantas perguntas para te fazer... calo-me. Sempre. Não é hora. Não é o local. Nunca é... e tudo acaba rapidamente. E eu queria mais... será que isso te importa? Mais palavras. Mais respostas que já não me dás. Mais conversas estranhas de duplo sentido. Mais certezas... queria o que sei, nunca ter. Por falta de hora. De lugar. E assim continuo... à espera sem esperar.