quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Voltar a casa

Não penso. Não nesta semana. O tempo que faz, tornou os dias iguais a ele mesmo. Cinzentos, chuvosos e frios. Sempre gostei do outono mas não este. Não como se fosse inverno... não a apanhar com granizo na minha volta a casa de bicicleta. Mesmo assim... não me perguntem porquê, a irritante dor do gelo na minha pele, fez-me mais viva do que nunca.
Olhei quem me passava ao lado, vi as casas e sonhei bem alto que um dia, seria eu a morar nelas e imaginei a minha vida dessa mesma perspectiva... Digam o que disserem... aqui, tudo faz sentido... e futuro, se existe um, então é aqui... mesmo estando longe de tudo o que sempre fez parte da minha vida... mesmo que tenha de viajar muito para ver uma praia, e o rio, bem esse continua aqui, só mudou o nome... o mais difícil e insubstituível, claro está, são as pessoas... a família que sei que está sempre " apenas à distância de um avião", os amigos verdadeiros que estão sempre "ali ao virar da esquina", mas também as ruas que conheço como a palma das minhas mãos, a pronúncia do norte que cada vez mais se afasta de mim, a minha cidade... mas não o meu país... não a crise, não as lojas fechadas, não as casas que caem aos poucos como pássaros mortos em vôo...
E chego a casa... mais molhada e dorida do que nunca e é num reconfortante chá de menta, que continuo a sonhar... afinal, o sonho está ali em baixo... do outro lado da rua a uma distância tão pequenina que quase o considero atingido... Sorrio... e o sol também... porque em dias cinzentos como este, também há sonhos e pausas.

1 comentário:

Anónimo disse...

A família não está a distância nenhuma... habita-te e tu moras sempre com eles, não importa o espaço físico. Isso nunca se rompe,digamos que vive enquanto nós vivermos, talvez continue muito depois...