domingo, 30 de dezembro de 2012

Amanhecer aqui


Cheguei. E deste modo de ver o mundo, não vejo as cores que no Verão me apaixonam e no Outono me alegram. Olhando este lago, tudo agora parece frio, cinzento e branco. As águas que não movem parecem ser o prenúncio de morte. Os patos que me acompanhavam no almoço, voaram para parte incerta e aqui ficaram apenas os restos das memórias. 
Ali ao fundo... do lado direito na árvore que tantas vezes me refugiei em busca de sombra e frescura, é agora impensável sentar. O chão de gelo que queima, tornou-se armadilha de queda no gelo quebradiço. As águas congeladas, convidam a um passeio de patins num gelo que esconde quem é. E faz frio. Lá fora, ali e aqui dentro. Tudo congelou quando apanhei aquele avião de volta. Queria voltar sim... mas... Porra, que vida de emigrante é uma merda.
Dizem que a nossa casa está onde o coração está... e que faço eu com um coração dividido em vários lugares?
Sou cidadã do mundo. Mendiga de mim mesma. Contemplo o que me rodeia, apaixono-me e desapaixono-me facilmente. Faltam-me as cores. As roupas leves. Falta tudo e por fim, não falta nada!
 

Sem comentários: