quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Emigrar

16 de Janeiro 2012. Começava um novo capítulo de vida. Da minha. Dos que ficaram num país que me viu nascer. Cheguei aqui como quem chega de visita. Para trás deixei duas pessoas que me tornaram no que sou hoje, lavadas em lágrimas para confusão minha. Na minha cabeça ou algures pela mala de 8 kg que trouxe, eram apenas 8 dias. No fundo das suas mentes, era um começo de vida novo. Mas eu não sabia. 
Passaram 8 dias... e mais oito. E mais oito meses, e no final de contas, fazem agora 1 ano, 8 meses e 24 dias, que aqui estou. A mala foi crescendo, os dias passando, uns maus outros bons e só agora páro para pensar naquele momento. No momento em que os meus pais me deixaram na estação de comboios, e me viram partir de um país que não quis nada comigo. Já não me causa confusão, pelo contrário, faz-me chorar mais do que naquele dia, mais do que a maratona de lágrimas do Porto a Lisboa. Mais até, do que o avião de lá até Colónia. A minha mãe, mais emotiva e chorona em bons e maus momentos, e o meu pai, que vi chorar pela primeira vez, por minha causa. E não é justo. Não é justo que lhes tenha de causar esse tipo de dualidade de sentimentos, forçadamente.
Passados estes quase dois anos, a distância é muitas vezes encurtada por telefonemas, visitas, skype, tiramos o dobro das fotos para trazer na viagem de volta, mas a 2101km do lugar que sempre chamamos "casa", tudo parece inantigível! São aniversários que se perdem, risos, choro, gargalhadas, o conforto... 
Sei que estão orgulhosos de mim... pelo que atingi e seria impossível no meu país, mas bolas... não é fácil. Enquanto há dois anos dizia que o meu sonho era ter um emprego de jeito, hoje digo que o meu sonho é tão simples como tê-los perto de mim. Porque há coisas que o dinheiro não paga ou faz esquecer.
Daqui a um mês, volto a revê-los. Passado 7 meses, volto a casa para mais choro, desta vez de alegria, ver a minha mãe saltar em frente a todos no aeroporto para que ela seja a primeira que eu veja, o meu pai logo atrás a gozar com a figura dela, abraços e sorrisos, porque, por muito que o dinheiro seja importante, nada paga um sorriso na cara dos que amo... Difícil vai ser esquecer, que o bilhete de ida, terá uma volta obrigatória. Até à próxima ida. Até lá, mantenho-me por aqui, tentando ser feliz e fazer valer a pena as lágrimas daquele dia.

Sem comentários: