Sempre ouvi o meu avô dizer que:" de pequenino é que se torce o pepino" e logo eu que nunca gostei de pepinos e os anos me fizeram grande sem dar conta disso. Foi apenas a água fria em pedra dura que tanto bateu até que furou, a única culpada do meu trajecto. E porque quem tem boca vai a Roma, depois de ter falado até a Alemanha, outras portas se abrem, umas atrás das outras. E eu não sei o que fazer. Como de loucos e tolos, todos temos um pouco, apetece-me ir atrás da montanha prometida uma vez que ela não vem até mim e tentar agarrar um pássaro que insiste em voar na companhia de outros dois que voam perto.
O plano para hoje é simples, vou deitar cedo e amanhã, erguer mais cedo ainda, com saúde para crescer um pouco mais. Porque quem tem medo compra um cão e eu só tenho um gato, não há tempo a perder. Mãos à obra, arrumar os tarecos da tareca e sair. Mas o buraco no ozono trocou-me as voltas e em Abril já não há águas mil, restam todos os meses do ano para isso acontecer e lá fora chove e faz frio... O cão ladra e a caravana passa fazendo-me perder a boleia. Corro. Os cães continuam a ladrar mas não mordem. Continuo. Já vou depois da hora. Já não sou pequenina para torcer vegetais mas vou. Porque mais vale tarde do que nunca.
Dizem-me ao fundo, em vozes distantes, que quem não arrisca não petisca e eu estou disposta a engordar pelo mundo em vez de emagrecer numa morte sem luta. Não há nada a perder. Amanhã, seja lá quando isso for, vou acrescentar mais um ponto a este conto. Esperei mais do que devia e quase desesperei mas continuo a acreditar que vou alcançar. Porque o céu é o limite e depois da tempestade, sempre vem a bonança.
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