Não vamos falar hoje. Vamos apenas sentir. Fazer de conta que lá fora é um conceito distante que não penetra de forma alguma entre estas quatro paredes. Não vamos fazer nenhum som. Apenas o da nossa respiração enquanto nos olhamos na esperança de conhecer o que não sabemos conhecer. Não vamos estragar este momento com palavras ditas para preencher um vazio que só nós criamos. Não iremos falar da chuva que cai lá fora e molha os tolos. Não vamos sentir o frio que não existe dentro de nós mas gela tudo lá fora. E vamos ficar assim. Olha-me como nunca olhaste. Como sempre quiseste e nunca tiveste coragem. Como se fosse algo proibido. Prometo olhar-te da mesma maneira que sempre olhei mas nunca te contei. Toca-me se for isso que precisas para sentir a verdade. Abraça-me se precisares de sentir a força do conteúdo imenso do meu silêncio ou esbofeteia-me se assim for necessário.. Mas não fales. Sentaremos-nos numa mesa de duas cadeiras unas e ficaremos frente a frente num confronto decisivo. Olha-me nos olhos e prova-me que estou enganada. Ou então que estou certa e o resto do mundo não nos aceita desta forma. Deixaremos todos do lado de fora da porta e chegaremos a uma conclusão. Livre de opiniões maldosas, livre de interesses, livre de palavras que por muito que sejam ditas, confundem e enganam. Prova-me que por detrás deste olhar não há nada de novo a revelar e prometo sair porta fora em pose de derrotada. Vencida numa luta que apenas eu criei. Ou então, prova-me o mundo e prometo vivê-lo em pleno.
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