Assim me construo. De pensamentos ilógicos e verdades não absolutas que me provam a minha existência. De incertezas que me permitem o movimento certo, numa mistura ordenada de extensão e flexão dos membros. Podia ser tudo uma fachada. Mas ando incerta no caminho, certa nos meus passos. Sem medo, mesmo que me direccione para um abismo. Quem me olha ao longe, não sabe que me construo de areias movediças nas quais danço para me iludir da minha fraqueza. Mas vou. Incerta do sentido dos sentidos. Certa nos meus passos. Sem saber quem está preso na minha cabeça.
Já desisti de me questionar, quem sou por detrás de mim. Assim, munida de dicionário, calculadora, manual de instruções e opiniões dos outros num qualquer referendo. Para chegar a conclusão nenhuma. E vivo bem. O problema só surge quando o que sinto e não compreendo, ganha nomes que sei bem o significado. Raiva. Loucura. Tristeza. Solidão. Alegria. Amor. Ansiedade. Sete outros pecados que não matam mas confundem. E como se não bastasse toda esta incompreensão, ainda o sinto por pessoas que nunca vi dessa forma. Refugio-me novamente em mim em busca de calma. De conforto após a tempestade. Mas tudo me obriga a parar e pensar. E por onde começar se nem sei o que procuro? Volto às fórmulas matemáticas que me acompanharam naquilo que me pareceu ser uma vida. Perco-me. Recomeço. Troco os sinais. Recomeço. Equações demasiado impossíveis. Desisto. Nunca conseguirei responder às perguntas que me exigem quando nem eu mesma sei as respostas. Por muito que fale. Escreva. Serei sempre ilógica e incapaz de explicar a lógica deste caos. Mas para mim faz sentido. Que sentido faz?
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