sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Sexta feira.

Cansaço. Dia de trabalho demasiado longo. Pouco descanso nocturno. Mas é Sexta feira. Saio em direcção ao sítio do costume. Sempre as mesmas ruas que não mudam. Descoloração de tinta. Casas apalaçadas onde em vez de um rei, moram 3 ou 4 famílias árabes. Mas é sexta feira. As mesmas caras em todo o lado. Mesmo que sejam pessoas diferentes. São todos iguais naquilo que parece ser uma grande família que se reproduziu entre ela. Mas é sexta feira. Canseira. Chegar a casa na hora das lojas fecharem. Pedalar em força depois de muitas horas sem me sentar. Entrar a correr no supermercado e comprar algo a que possa chamar jantar. Mas é sexta feira. Voltar a casa debaixo de uma chuva num verão com cheiro a outono. Sentar-me por fim num sofá grande demais para mim. Olhar as 4 paredes de uma casa vazia de vozes. Mas é sexta feira. E de companhia para esta noite, tenho o copo de vinho sempre cheio. O livro grosso demais que leio a velocidade furiosa. E a breve ilusão de que a vida assim, faz sentido. Amanhã não é sexta feira e na ressaca do vinho, lembrarei que tudo aqui à volta é triste e vazio de compreensão ou sentido. Mas hoje é sexta feira e permito-me a acreditar.

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