segunda-feira, 18 de maio de 2015

Café das cinco

Sento-me nesta esplanada que me leva daqui para fora. Ninguém sabe mas quando me farto da cidade, das pessoas, do país, é aqui que me venho sentar para não ser encontrada. Cantinho num "entre dois mundos". Fora da Alemanha. Fora do resto. Não venho com frequência para que não perca o encanto ao tornar-se hábito. Tivesse eu trazido música e sentir-me-ia como se tomasse café no meio da floresta.
Também não é qualquer pessoa que trago aqui. Os meus lugares preferidos são meus e só depois dos outros que me são especiais. Mas tu estás longe. Longe demais para ver o que eu vejo. Os raios de sol entre os ramos das árvores. O cantar dos pássaros que me embalam o pensamento. A grande árvore no centro das mesas que morre no Inverno e renasce agora.
E tudo fica num tom mágico. Gosto da luz que reflecte na minha pele. Das cores e cheiros. E só eu vejo isto. Tu não estás por perto e os que por aqui passam, vão cegos na sua vida. Não sentem o que eu sinto e nunca, em ocasião alguma, sentam. Melhor para mim... Paz não interrompida que só estaria completa se aqui estivesses... Há tanta coisa que ficou por te dizer e no entanto só seria perfeita neste lugar. Agora aqui sozinha, sem olhar nos teus olhos, não consigo sequer escrever. Tenho medo de corromper a verdade ao escrever, medo de ler essas palavras e as rasgar de seguida. Há coisas que são melhores quando surgem espontâneas.
Hoje, estou farta do mundo e por isso estou aqui... mas não me peças para escrever se o que sinto não se sente só.

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