domingo, 21 de fevereiro de 2016

Dreams



"Se é para sonhar, ao menos sonho alto"- quantas vezes quem me conhece bem, já me ouviu dizê-lo? 20? 30? Imensas? E no entanto sempre o digo... Eu não sonho em ter uma casa maior, um emprego que pague melhor, isso são coisas facilmente atingíveis. Ter um bom emprego já me permite ter uma casa. Não é grande mas é à minha medida. Para quê ter uma maior e ter o dobro do trabalho a limpar? Ou então ganhar bem para pagar a uma empregada e chegar ao fim do mês com a ideia que não ganho assim tão bem. Que raio de sonho seria esse?
Eu sonho em ser maior. E na altura dos meus ossos, ser alguém que chama a atenção e faz a diferença. Alguém que muda o mundo, mesmo que seja só o de algumas pessoas. Alguém que protege e ama quem cuida de mim. Dar o melhor que se pode querer, sem que isso envolva dinheiro porque esse, não compra as melhores coisas.
Eu sonho alto. Do topo dos meus sapatos de salto alto sonho ainda mais alto. Sonho grande num mundo pequeno mas complexo. Numa imensidão de oportunidades que de alguma maneira, nunca sei aproveitar. Mas vivo bem comigo mesma. Por vezes tenho dificuldade em viver com os outros. Não há muitos por aí que me compreendam mas há imensos que me criticam. Por ser impulsiva nas respostas, curiosa nas perguntas, por me deixar levar por contos de fadas num mundo de monstros e por acreditar na minha intuição...criticam-me por manter sempre vivo o meu lado de criança...  ao fim ao cabo, criticam-me pela minha melhor característica...ou pior... ser sonhadora...
Não quero saber a resposta. Não perguntei, afirmei, por isso não há lugar para palavras a mais. Vou insegura no destino mas segura dos meus sonhos... Eu sonho alto. Demasiado alto. E os sonhos não são nada mais do que isso, meras fantasias de algo que nem sempre se transforma em realidade. Eu não sonho contigo de mão dada à minha, num clima de cumplicidade efémero, numa praia deserta a ver o pôr do sol... Eu sonho alto e nele, tu não és apenas uma pessoa. És o meu mundo e eu conquisto-o. Mesmo quando não há nada mais a descobrir, quando os dias são de chuva e todos os raios de sol se apagam. Quando acordo ao teu lado e tudo o que vejo são rugas numa cara que só tu não reconheces mais. É aí que vejo a beleza dos momentos. As marcas na cara de quem ri bastante e me contagia. Os cabelos que se vão aos poucos por terra, pelas dores de cabeça que a vida nos dá mas que sempre sabes ultrapassar. E és tu que me fascinas. O meu sonho não é que tu sejas o meu mundo mas sim que um dia, o meu sonho seja também o teu... Porque se é para sonhar? Eu sonharei alto.




sábado, 20 de fevereiro de 2016

Mental Standby


E as conversas imaginárias mantêm-se. Um diálogo impossível em versão de monólogo. Sou eu e o meu cérebro a falar de ti, sem respostas concretas a perguntas que o corpo falha na coragem.
É um jogo monótono sem vencedor nem vencido ou então sou eu que me rendo a perder, uma e outra vez.
E perdoa-me se faço de ti um mero fantoche no meu jogo mental mas não sei ser de outra forma. Chama-me cobarde, egoísta, sou tudo isso sempre que calo para mim as perguntas que te queria fazer e não consigo. Sou tudo isso, quando escondo de mim algo que também te pertence, mesmo que não o queiras.
Eu não peço para jogar, nem muito menos para pensar mas quando dou por mim, estou presa na cadeia mental sem cartão que me isente.
Claro que não há certezas. Nem de ganho ou perda. De sucesso ou fracasso mas numa cabeça que se rege por estímulos, sensações, emoções e instintos, nunca poderás pedir um esclarecimento lógico. Eu não te consigo explicar. Por isso nem tento. Porque nunca irias compreender. O que penso e sinto não se fala. Não se escreve nem se desenha. Sente-se e age-se. Mas no silêncio. Sem que as palavras me corrompam... No sentido, significado ou sentimento. E por isso mesmo, sendo tu tão racional, as conversas que temos continuarão a ser monólogos, presos no cérebro, presos em mim.




À minha...

Não resisti. Aquela garrafa guardada para uma ocasião especial, esquecida no armário em busca de momentos mais felizes, iria estragar, azedar... Abri. Inspiro o aroma que não se explica do vinho alemão. Já bebi coisas piores. Já bebi melhores.
Hoje não é um momento especial. Se contarmos que ninguém faz anos, a casa está vazia e não é dia de festa nem sequer de sair.
Não bebo para esquecer. Para o fazer tenho de beber misturas estranhas que nunca faria sóbria. E este vinho, não se mistura. Bebo para não lembrar. Para deixar que o meu cérebro relaxe e alivie. Não me julgues. É só um copo redondo que sobrou no amontoado de caixas por falta de espaço. É só uma garrafa que iria estragar. Juntei o útil ao agradável. No final, a garrafa vai ao lixo e o copo cai ao chão. Porque entre tudo o que me rodeia, pelo menos este copo é meu. Comprei-o quando era ingénua e acreditava que iam existir muitos dias felizes nesta casa. Existiram mas foram regados a outras bebidas. A outros copos. Este momento especial, que nunca soube dizer qual era, nunca existiu. E esta casa que nunca foi minha, nunca me pareceu mais estranha como agora. Por isso bebo este copo. Brindo a dias mais felizes. Porque mesmo que esta porta se tenha fechado, outras se abrem... ou pelo menos uma janela. E isso, é um momento especial.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

Pensamento dos últimos meses

The world is my home...

Once more

De vez em quando penso em ti. Não propositadamente mas sim porque há uma fuga constante entre o meu inconsciente e consciente. O cano rompeu e vens-me à memória numa gota incolor que não consigo parar. Do nada. Durante o dia ou noite, sem marcação prévia.
E é lógico, que nunca te vou dizer que ou o que penso. Que imagens me vêm à cabeça tão irreais e impossíveis mas estupidamente sentidas. Como se elas fossem um pedaço da nossa história... só nunca a vivemos.
E elas inquietam-me. Reviram a alma e arrepiam os pelos dos braços e da nuca. Não são más, pelo contrário, são tão magníficas que me perturbam os sentidos e eu não sei lidar com isso.
A este ponto, abano a cabeça, tento distrair-me mas é em vão. A fuga é maior do que pensava. Procuro panos para garrotes, panelas que segurem as gotas mas é tarde. Resta-me aceitar, vivê-las embora que apenas em pensamento. E isso faz-me sofrer ainda mais. O que será pior? Ter de esquecer e andar para a frente, se tentar esquecer e ter de a reviver... vezes e vezes sem conta. Ser inundada de "porquês?", porque sim? Porque não? E se... E se nada. Não te vou contar o que empurro para o inconsciente e apenas jorra de vez em quando.. Calo e esqueço. Não se conta porque tenho medo de abrir a torneira. Ontem lembrei-me de ti. Hoje já me esqueci. Até quando?

Just believe... another day...