Os anos continuam a passar por mim e cada vez mais, a certeza que não pertenço a esta cidade. Não é grande o suficiente para o tamanho dos meus sonhos e é gigante para que eu possa sequer, pensar em ser feliz. Eu... eternamente eu, tão complexamente simples. Banal e normal. O meu cabelo desgrenhado e longe de ser perfeito, a carregar na cara e corpo as imperfeições da idade... Não chamo a atenção pelas minhas formas mas sim pelas formas que me comporto... É difícil ver uma lágrima na minha cara e se alguém vir, é porque me ri demais... Mas aqui na cidade, tem sido mais normal verem a tristeza. De quem tem de por uma máscara todos os dias para se proteger da realidade... e de que tenho eu medo? De nada. De tudo. De não saber crescer. De envelhecer mal e amarga. Das alturas. Da água. De abelhas e insectos. Da morte. De não cumprir os meus sonhos. De não ser feliz...
Mas houve um dia que não tinha medo de nada disso... fora daqui... fora da cidade que me fez ter medo do que não é suposto ter.
Só queria regressar lá, um pedaço de terra onde eu pudesse acordar todas as manhãs e dar graças por estar viva. Ver o nascer e o pôr do sol todos os dias. Os pássaros a cantar numa árvore perto da minha janela.. Por a chaleira ao lume e não ter de me preocupar com trânsito ou estar atrasada. A vida tem de ser mais do que isso. Do que trabalhar e dormir. Comer e voltar ao trabalho.
E eu, tão simples... a eterna criança que nunca vou fazer ou encontrar um sentido para aqui estar... tão só. Tão vazia. Sem ti.
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