Hoje fiz as pazes com o passado. Fazia muito tempo que não tinha contacto com ele. Demasiado. Hesitante e ansiosa no presente, saí de casa com medo do futuro ao encontro dele. São as mesmas ruas, os mesmos cheiros mas com uma cara diferente. Por debaixo de uma máscara que esconde outros sentimentos, sítios, emoções, que eu não quero mais repetir, não com a mesma pessoa, não como a pessoa que eu costumava ser. Hoje renasci das cinzas de quem costumava ser e nem me apercebi. Alguém que estava habituada a moldar-se a diferentes realidades só porque temia a rejeição, hoje, aprendi a viver sem me sentir presa como era costume. Sem deixar que o passado me impedisse de ser o que quero. Não sei se gosto da pessoa em quem me transformei. Sou o esboço de várias e diferentes situações, que para o bem ou para o mal, me talharam as formas, mas hoje cheguei a casa na leveza de quem se descartou de um problema. Lembrei-me que antes do mundo todo, estou eu e nunca mais me vou esquecer de olhar por mim, primeiro. Porque o passado, é isso mesmo, passado… e o sítio dele é lá atrás.
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