domingo, 30 de dezembro de 2012

Ahhhh que eu gosto...

Amanhecer aqui


Cheguei. E deste modo de ver o mundo, não vejo as cores que no Verão me apaixonam e no Outono me alegram. Olhando este lago, tudo agora parece frio, cinzento e branco. As águas que não movem parecem ser o prenúncio de morte. Os patos que me acompanhavam no almoço, voaram para parte incerta e aqui ficaram apenas os restos das memórias. 
Ali ao fundo... do lado direito na árvore que tantas vezes me refugiei em busca de sombra e frescura, é agora impensável sentar. O chão de gelo que queima, tornou-se armadilha de queda no gelo quebradiço. As águas congeladas, convidam a um passeio de patins num gelo que esconde quem é. E faz frio. Lá fora, ali e aqui dentro. Tudo congelou quando apanhei aquele avião de volta. Queria voltar sim... mas... Porra, que vida de emigrante é uma merda.
Dizem que a nossa casa está onde o coração está... e que faço eu com um coração dividido em vários lugares?
Sou cidadã do mundo. Mendiga de mim mesma. Contemplo o que me rodeia, apaixono-me e desapaixono-me facilmente. Faltam-me as cores. As roupas leves. Falta tudo e por fim, não falta nada!
 

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Ponto de encontro

Não te esperava assim. Não pensava encontrar-te, perdido em pensamentos num banco de jardim, à minha espera como quem espera nada nem ninguém. 
Quando subi a rua, vi ao longe quem não pensava encontrar. Vi a silhueta de um homem que contemplava o espaço que o rodeia, com um olhar cheio de tudo. Vi alguém que nunca tinha visto num corpo familiar. Sorri. Porque ver-te assim sozinho e calmo, foi bom. Para variar. 
Não. Não te esperava assim. Talvez acompanhado por alguém, perdido em conversas que desconheço e apanho a meio, e que com alguma indiferença, finge a surpresa do nosso encontro.. Mas não assim. Disponível ao contacto, disponível em tempo e palavras, disponível, directo e confidente.
Hoje subi aquela rua e vi um novo tu. Ou então vi apenas quem nunca tinha visto. Seja como for, ver-te assim, foi uma foto que levo comigo.

Retorno

4 dias. São estes os dias que passaram desde que a camioneta com asas aterrou no aeroporto portuense. Dela saiu quem há muito perdeu (um pouco) a pronúncia do norte por falta de uso.
Os sentimentos são muitos. Já não choro quando vejo o mar mas emociono-me no reencontro do que gosto. Sejam objectos, lugares, coisas ou pessoas. Quase dá vontade de regressar novamente, de bagagem em punho e a dizer: "Voltei para ficar!"... Quase, eu disse. Porque a verdade é que tenho um novo amor que me divide a atenção. Um é bonito mas sem futuro.... esteve sempre na minha vida e conhece-me bem... o outro, é novo, frio, engraçado mas com um futuro promissor. Vivo bem com os dois. Um acompanha-me no dia-a-dia, o outro, quando quero um refúgio. E foi nesse refúgio que reencontrei quem me protege. Quem acredita em mim de olhos fechados. Quem me confia segredos, confidências, amor, carinho, e acima de tudo, tempo.
Como disse hoje, o tempo é escasso para todos os que gostaria de reencontrar mas os que estiveram comigo, são os que não poderia deixar de ver. Porque eles são a linha que me separa da insanidade e mais do que uma foto ou uma palavra minha, são as memórias que levo comigo, de uns dias bem passados. Por isso mesmo, obrigada.

terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Crise

Crise... muita... mas no entanto os cafés estavam todos fechadinhos!!! Bahhhh

Prenda do momento

Juro que nunca pensei ficar tão contente por receber um electrodoméstico!!! Hahahaha, merci mano and cunhada!

Hummm

Embora este ano não hajam tantas decorações, é sempre bom voltar a estas ruas...

Natal

Mais um Natal. Não, Natal não é o bacalhau, não são as rabanadas nem o bolo rei. Natal é apenas um motivo, agora, para voltar a casa. 
Há quem venha por menos. Por saudades. Porque precisa de algo do país de origem. Por tudo. Por nada. Porque sim. Eu vim obrigada. Chantagem emocional de quem faz deste dia um acontecimento importante. Eu vim. Não porque cedi à chantagem mas porque quis. E valeu a pena. Em dois dias que cá estou, já tenho as forças todas que necessitava. Ok. Vim por egoísmo se assim preferirem. Mas quem me recebe não se importa com o motivo. Estão demasiado satisfeitos por me terem por perto. E eu, contentíssima por os ver novamente.
Por isso mesmo, obrigada. A todos, um bom Natal. (Com ou sem bacalhau!).

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

O fim.

Vem aí o fim do mundo. Bolas e eu tinha tanto para fazer no dia a seguir. E em todos os outros até ao fim do meu mundo. A vida com tempo de validade, sempre me pareceu absurda e demasiado curta. Curta para os bons momentos, projectos, sentimentos, longa, na agonia, desespero, medo... mas que sentido é este? Nenhum. É absurdo.
Se eu soubesse ao menos que as palavras são tão simples agora, quando comparadas com a eminência do fim... teria-te dito tudo o que nunca disse. Teria feito o que não fiz mas não mudaria o rumo da nossa história. Conheci-te na altura certa. Apaixonei-me comedida em palavras e sentimentos e logo me deixei cair em volta de um mar de palavras. E é nesse amor que me afundo a pouco e pouco. Lentamente. Sinto saudades de tudo e de nada. Do que fomos, do que somos, do que poderíamos ter sido se a vida não fosse tão difícil, como a falta dela...
Horas nos separam. Da real distância e do fim do mundo. Os telefones estão mudos mais por preguiça e orgulho, confusão e dúvida do que por qualquer prenúncio de morte. E eu tinha tanto para te mostrar. O meu mundo, cabe na palma da minha mão mas a vida que tenho dentro de mim é bem maior do que qualquer prazo de validade permite. 
A bem dizer, é o fim do mundo todos os dias, só que ninguém o diz. Não o sentimos até estarmos perto. E se o mundo acabar daqui a umas horas, ao menos que saibas que te amo.

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Pensamento da tarde

Faz agora 24 horas que estava a sair daqui. O meu sonho transformado em realidade ao fim de 31 anos. Uma imensa paixão por um país que não é meu nem conhecia. Nunca percebi o porquê mas sempre tive curiosidade. E agora que voltei a terras alemãs, digo apenas que quero voltar. Não me perguntem porquê. Pensei que vinha de lá com as respostas correctas... voltei ainda mais confusa. Tudo fez sentido de uma forma absurda. Um sentimento estranho de que estava em casa. Sabores e cheiros familiares. Caras idênticas a outras do meu passado. Adorei, embora venha com mais perguntas do que quando parti. E quanto a ti, obrigada por me receberes e por de certa forma, fazeres o meu sonho, realidade. Não foi fácil voltar ao trabalho. Mas é ele que me vai permitir voltar.

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Vizinhos inconvenientes

Há muitas coisas diferentes neste ano que está a terminar... vir para aqui, encontrar um emprego, casa, uma nova vida, tudo isto sozinha... não foi fácil mas nunca pensei nesta hipótese... Eu, que nunca vivi num prédio antes, tive de me acostumar a dividir os espaços comuns com pessoas que não conheço... algumas delas, bem estranhas... nada grave, pensei... o corredor é "nosso" mas a casa, é minha e dentro dela posso fazer o que quiser. Crente não? 
Tudo começou no início, quando me esqueci da hora e martelei na parede às onze da noite... Alguém me recordou disso dando pancadas na parede... perdoem-me, mas estou habituada a viver numa casa grande em que literalmente podia berrar que ninguém me chateava... Depois começaram por ser várias pancadas com marteladas em horas mais decentes... às dez... depois baixei para as nove... o cúmulo foi às sete e meia da tarde! E aí... aí parei de tentar encontrar desculpas plausíveis e comecei a acreditar, que algures num apartamento, está um cobarde qualquer sem vida própria, que se refugia no facto de este prédio ter bastantes apartamentos para não ser descoberto e que não faz outra coisa a não ser chatear os demais. Gosto sinceramente de o imaginar algures perto de uma parede, de cajado na mão à espera do primeiro barulhinho para destruir uma parede, o chão ou o tecto de sua casa com pancadas violentas. E não pensem que é diferente... ele espera o barulho... como eu espero a hora de sair do trabalho... ansiosamente... Experimentem partir um prato... já ele está a bater antes do mesmo se ter feito em mil bocados no chão... outro dia, mandei um trambolhão cá em casa, magoei-me numa perna e ainda tive de o ouvir batucar... ou seja, literalmente podemos morrer que ele ainda ajuda!
Ignorei-o. Gosto quando bate às sete da tarde para que me dê mais motivos de martelar ou insultá-lo do piorio mesmo que seja numa língua que não compreende. Mas não deixa de ser triste... arre lá para as pessoas sem vida própria...

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012