segunda-feira, 22 de março de 2010

"Time is running out"

Navego pelo pensamento. Deixo-me ir com a força da maré que me arrasta ao fundo... é tarde e não tenho forças para lutar... Já nada me segura em mim mesma tal e qual me conheço... por isso vou... madrugada abaixo, pensando que todos os dias acabam... inevitavelmente todos os dias são noites também... e assim, inspiro cada fracção de tempo consumida pelo receio que mo tirem... É meu... é teu... é nosso e ao mesmo tempo não é de ninguém. É dele. Nós é que lhe pertencemos, não o contrário. É ele que decide o tempo que nos resta, a mim, a ti e a todos.
E eu absorvo mais um minuto. Gasto-o a pensar na realidade que insiste em nos separar, naquilo que espero, sem saber o que esperar, e no tempo que se esgota neste lugar. 
Indiferente a tudo, a todos, a mim, dormes o sono dos justos nesta cidade de injustiçados, alheio ao que digo, sinto e penso... faça chuva ou sol, dia ou noite, sóbrio ou ébrio, dificilmente seremos um... dificilmente os corpos se tocarão como desejamos, enquanto não encontrarmos o tempo para nos ver e ter.
E no entretanto, continuamos aqui... a arrastarmos-nos pelas ruas e calçadas, à procura não sei bem do quê, escravos do tempo, dos outros e de nós mesmos, sem forças para nos lançarmos ao desconhecido... todos os dias são noites, porém, depois de todas as noites, chega um novo dia... mais um... ou talvez não.

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