domingo, 31 de agosto de 2014

E o verão continua...

Chuva intensa. 12 graus. 01:30m. Sábado para Domingo.

Me

Ask me with afirmations and I will reply you with questions.

Vasco

Hoje nasceste. 32 anos atrás. Não te conheci aí. Tinhas 18. Eras o sonho da menina que todos os dias se sentava naquela mesa de café a olhar-te. Eras o meu sonho numa altura que me eras proibido. Conheci-te meses depois e que me lembre, nunca passamos o teu aniversário juntos apesar de nos restantes dias do ano estarmos sempre juntos. Ensinamos muita coisa um ao outro e juntos, crescemos. Oito anos depois, desconhecemos-nos. Separados por tempo indeterminado pelas mudanças da vida e das vontades. Seis anos depois desse dia, sei que não vais ver este texto mas sonho acordada que sim.. Só para que te lembres que não guardo rancor pelas escolhas de cada um. E que mais uma vez, entre as milésimas nestes seis anos, me lembro de ti. Nos dias que correm voltamos a encontrarmos-nos sem nos procurarmos, por isso mesmo te digo: Parabéns. Que sejas muito feliz e obrigada, por um dia teres sido o meu melhor amigo.

Movimento

Fecho os olhos. Abro. Fito o cursor que pisca no ecrã. Inspiro. Expiro. Da janela vejo a chuva que cai em dias que deviam ser verão. E o cursor continua a piscar sem andar para lado nenhum. O ponteiro dos segundos, distrai do movimento dos minutos e horas que me sentei nesta cadeira à espera de algo que sei não acontecer aqui e agora. Uma letra. Uma palavra e a construção de uma frase sem sentido que não torna a realidade menos confusa. Rodeada de constante movimento, a minha vida está estancada no mesmo ponto. Dois passos para a frente. Outro para trás e um para o lado. Mais um beijo neste vinho artificial que desaparece do copo. A mão que sai do teclado e penteia o cabelo vezes e vezes sem conta é a mesma que olha o telefone em busca de uma mensagem que tarda em chegar. Qual o sentido de tudo isto se não partilho os momentos? O outro copo que faz parte do conjunto, está guardado no armário. As pernas estão pousadas no chão à espera de uma urgência que as faça mexer. O telefone vazio. As frases que não traduzem o que penso. O vinho que me amarga ainda mais o paladar dos sentimentos. Abro os olhos. Fecho. Durmo.

domingo, 24 de agosto de 2014

Verão II

24/08/2014, 01:00, 6 graus.

sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Verão?

22 de Agosto, 23:10m, 11 graus.

Dias assim

A vida devia ter sempre um cheiro comum. Um sentimento bom como o que temos quando estamos felizes. Viver os dias como vivemos os dias de férias. Uma eterna descoberta e sensação que se pertence a algum lado. Mas a realidade é outra. Há dias completos e incompletos. Dias felizes e tristes. Sorrisos e choro. E neste país, a alegria sempre é uma coisa muito temporária. Quando damos por ela já passou. Está lá trás, nuns cinco minutos que nem demos conta. Estou a um breve tempo de saber se fico ou vou. Se fico num sítio que não é nenhum paraíso ou se parto em busca do desconhecido. Estou a breves instantes de chegar ao momento do tudo ou nada e esse muito ou pouco, vai juntar anos de estudo, de vida, suor e lágrimas num mero papel, num envelope de cinco cêntimos com um selo da post tower. Lá dentro, alguém vai escrever um Ja ou Nein sem muito esforço, que representam o futuro grandioso ou o falhanço da minha partida em busca de uma vida. Será que essa pessoa vai saber o que me custou chegar até aqui?
E este é o país onde vivo. Membro da união europeia. Um dos primeiros a assinar o processo de Bolonha e o melhor a esquecer que eles não são exclusivos da C.E. Reconhecimento do diploma para poder trabalhar. Tal e qual como um brasileiro, americano, chinês... Disseram-me esta semana: "podia ser a melhor psicóloga do mundo mas sem reconhecimento dos seus papéis, não é ninguém... Processo de quê?" e fica tão mal... A um país que me dá tanto de outras formas, que tenta à força toda apagar o peso da história e não ser racista, dizer uma coisa destas... Depois de tudo o que a maioria dos emigrantes faz por eles... E no fim de tudo, apetece perguntar: e vocês são o quê?

Sexta feira.

Cansaço. Dia de trabalho demasiado longo. Pouco descanso nocturno. Mas é Sexta feira. Saio em direcção ao sítio do costume. Sempre as mesmas ruas que não mudam. Descoloração de tinta. Casas apalaçadas onde em vez de um rei, moram 3 ou 4 famílias árabes. Mas é sexta feira. As mesmas caras em todo o lado. Mesmo que sejam pessoas diferentes. São todos iguais naquilo que parece ser uma grande família que se reproduziu entre ela. Mas é sexta feira. Canseira. Chegar a casa na hora das lojas fecharem. Pedalar em força depois de muitas horas sem me sentar. Entrar a correr no supermercado e comprar algo a que possa chamar jantar. Mas é sexta feira. Voltar a casa debaixo de uma chuva num verão com cheiro a outono. Sentar-me por fim num sofá grande demais para mim. Olhar as 4 paredes de uma casa vazia de vozes. Mas é sexta feira. E de companhia para esta noite, tenho o copo de vinho sempre cheio. O livro grosso demais que leio a velocidade furiosa. E a breve ilusão de que a vida assim, faz sentido. Amanhã não é sexta feira e na ressaca do vinho, lembrarei que tudo aqui à volta é triste e vazio de compreensão ou sentido. Mas hoje é sexta feira e permito-me a acreditar.

domingo, 10 de agosto de 2014

Pérolas

Volta e meia existem umas pérolas assim lá pelo trabalho.. É o que dá várias línguas entre os miúdos:

1- I'm ganz happy ( estou muito feliz mistura alemão inglês)
2- Das ist mein pink casaco ( este é o meu casaco rosa)
3- Ich need a pipi machen ( fazer xixi)
4- du bist very bad (és muito mau)
5- i would like a cracker with fresh käse ( com queijo fresco)

sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Pupu alheio

Realmente a ingenuidade das crianças bate recordes. Ontem a trabalhar na esturreira que se fazia sentir aqui em Bona, um dos meus alunos agarrou-se a uma das minhas nádegas perante o olhar atento de uma criança inglesa de três anos. Convém dizer que os meus alunos têm idades entre o um ano e os dois. Este discurso foi o seguimento da coisa:

Eu: Who is grabbing my " pupu"?
Ingénuo de dois anos: Ich! Me! ( a rir-se)
Virei-me para ele e dei-lhe uma mão enquanto a outra continuava agarrada à dita cuja. Qual não é o meu espanto quando a inglesa lhe dá uma chapada na mão e com um olhar muito sério, uma pronúncia inglesa muito marcada igual a gente grande e de dedo apontado em sinal de negação, lhe diz: " No grabbing pupus! Your naughty, naughty baby!!!"

A criança começou a chorar e agarrou-se a mim mas desta vez na parte da frente do meu corpo com a cabeça encostada exactamente no meio das minhas pernas. A miúda não tem mais nada e dá-lhe outra chapada mas desta vez na cara enquanto lhe diz: " no grabbing pipis neither!" Quando a recriminei pelo acto diz-me com a maior das indignações: " but Ms. Joana, your babies are very naughty, they need to be teached how to behave!" e foi embora... Atenta a nádegas alheias. Eu sei que não o devia fazer mas parti-me a rir!