segunda-feira, 20 de março de 2017

quarta-feira, 1 de março de 2017

Chapter 2

Os anos continuam a passar por mim e cada vez mais, a certeza que não pertenço a esta cidade. Não é grande o suficiente para o tamanho dos meus sonhos e é gigante para que eu possa sequer, pensar em ser feliz. Eu... eternamente eu, tão complexamente simples. Banal e normal. O meu cabelo desgrenhado e longe de ser perfeito, a carregar na cara e corpo as imperfeições da idade... Não chamo a atenção pelas minhas formas mas sim pelas formas que me comporto... É difícil ver uma lágrima na minha cara e se alguém vir, é porque me ri demais... Mas aqui na cidade, tem sido mais normal verem a tristeza. De quem tem de por uma máscara todos os dias para se proteger da realidade... e de que tenho eu medo? De nada. De tudo. De não saber crescer. De envelhecer mal e amarga. Das alturas. Da água. De abelhas e insectos. Da morte. De não cumprir os meus sonhos. De não ser feliz... 
Mas houve um dia que não tinha medo de nada disso... fora daqui... fora da cidade que me fez ter medo do que não é suposto ter.
Só queria regressar lá, um pedaço de terra onde eu pudesse acordar todas as manhãs e dar graças por estar viva. Ver o nascer e o pôr do sol todos os dias. Os pássaros a cantar numa árvore perto da minha janela.. Por a chaleira ao lume e não ter de me preocupar com trânsito ou estar atrasada. A vida tem de ser mais do que isso. Do que trabalhar e dormir. Comer e voltar ao trabalho. 
E eu, tão simples... a eterna criança que nunca vou fazer ou encontrar um sentido para aqui estar... tão só. Tão vazia. Sem ti.

When?

As horas passaram e eu não dei conta. Quando dei por mim ainda estava naquele lugar. Sem saber como, quando, onde ao certo... porquê... ida? Vinda? E a vida não me parece diferente. Sempre em constante reencontro e despedida. Será que aguento? Será que isto terá um fim? Uma vinda sem partida? Uma partida minha sem regresso?
E eu continuo ali. Naquele mesmo banco onde 5 minutos antes não estava só. O lugar ainda quente de quem só emana calor humano. E eu? Porque fiquei para trás?
Espero? Ou regresso? Parto? Quando?
É tempo de ganhar forças nas pernas e ir-me.. Saio finalmente numa postura que adopto os restantes dias do ano... de pessoa inatingível, de alguém a quem o mundo inteiro não interessa e de quem parece nem ter ouvidos para outros. Não sou eu. É a mascara que uso sempre que estou insegura ou triste. Em passos fortes e seguros, caminho como se tivesse todas as certezas do universo em mim mas na realidade, na minha teia cerebral complexa apenas paira uma questão, quando? Hoje? Amanhã? Daqui a uma semana ou mês? E desculpa se avanço mais depressa do que aquilo que é de esperar mas tenho pressa em chegar. De recomeçar a vida que parou ali naquele banco triste e agora vazio. Outros certamente se sentarão ali... será que eles sabem, no tempo em que esperam, o que é amar? Será que são felizes? Será que também eles aguentam as constantes idas e regressos ou desistirão? Continuo... Sempre sem parar. Porque às vezes tenho medo que se o fizer, tudo caia à minha volta.. Que o desespero tome conta de mim. 
Quando?
Não te sei responder. Assim como não consigo fazê-lo a mim mesma. Parece tudo sempre tão incerto que fica difícil acreditar. Eu, eternamente confusa e complexa mais a minha vida desorganizada a tentar encontrar um caminho que faça sentido... Já o encontrei, só falta saber quando partir...