domingo, 31 de agosto de 2014

Movimento

Fecho os olhos. Abro. Fito o cursor que pisca no ecrã. Inspiro. Expiro. Da janela vejo a chuva que cai em dias que deviam ser verão. E o cursor continua a piscar sem andar para lado nenhum. O ponteiro dos segundos, distrai do movimento dos minutos e horas que me sentei nesta cadeira à espera de algo que sei não acontecer aqui e agora. Uma letra. Uma palavra e a construção de uma frase sem sentido que não torna a realidade menos confusa. Rodeada de constante movimento, a minha vida está estancada no mesmo ponto. Dois passos para a frente. Outro para trás e um para o lado. Mais um beijo neste vinho artificial que desaparece do copo. A mão que sai do teclado e penteia o cabelo vezes e vezes sem conta é a mesma que olha o telefone em busca de uma mensagem que tarda em chegar. Qual o sentido de tudo isto se não partilho os momentos? O outro copo que faz parte do conjunto, está guardado no armário. As pernas estão pousadas no chão à espera de uma urgência que as faça mexer. O telefone vazio. As frases que não traduzem o que penso. O vinho que me amarga ainda mais o paladar dos sentimentos. Abro os olhos. Fecho. Durmo.

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