segunda-feira, 31 de maio de 2010

Crise? Que crise?

Muito se tem falado da crise nos últimos tempos. Mais ainda se tem falado dos planos do governo para tentar combatê-la.. Uns criticam, outros berram, outros ainda, manifestam-se e muito poucos são aqueles que concordam com essas ditas tentativas para salvar as nossas vidas, mesmo que isso signifique hipotecarmos as nossas peles. E como nestas coisas já todos estamos carecas de saber que as dívidas maiores nunca serão pagas pelos maiores devedores, resta-nos apontar o dedo aos outros culpados, nós!
Sim, nós! Aos que preferem comprar um novo LCD todo "xpto" lá para casa só porque o vizinho tem um, aos que se passeiam por carros de luxo que não podem sustentar, aos que vivem de subsídios porque se os há é para usufruir e não para arranjar um emprego, e a todos os outros que vivem constantemente para além das suas posses só para manter as aparências. Eu sei, não é segredo para ninguém. Fazem anos que isto se repete, o problema é que chegamos ao limite. Como um fim de crédito de um cartão visa. É altura de pagar, não temos é como.
Outro dia li uma entrevista a um desses especialistas nestes assuntos, enquanto o governo atira as medidas até ao final de 2012, alguns avisam que a crise só estará ultrapassada lá para 2030, mas a maior verdade estava lá... em jeito de resumo, o homem afirmava que este plano de austeridade nunca funcionará enquanto a maioria da sociedade continuar sem ter a noção do conceito sacrifício! Fiquei a pensar nisso... Cheguei a casa e comentei com a minha mãe. Resposta dela? "Quando não tiverem dinheiro nenhum, as pessoas vão aprender a fazer sacrifícios!"... Ainda mais deu que pensar... Não vão! Se a história nos ensinou que em tempos de crise o humanismo e solidariedade aumentavam, hoje não creio que isso aconteça. A sociedade mudou, já não se "fazem como antigamente", perderam-se valores, ideais e tradições! As discotecas e bares continuam cheias de miúdos que dão 15 euros pela entrada (fora as bebidas como aqui perto de casa, este fim de semana), o banco alimentar contra a fome recebe menos sacos de comida porque há quem prefira comprar mais uma garrafa de vinho invés de uma lata de atum a quem precisa, o pensamento típico do: "para que vou poupar? Para os outros gastarem?? Não!" a perdurar nas consciências e actos diários, certas pessoas continuam a "rejeitar" clientes nos seus negócios, com a sua antipatia e falta de ética profissional e eu nunca vi tantos carros de luxo novos a circular como agora... Com este panorama e com as facturas a acumularem-se lá por casa, fica fácil imaginar o que vai acontecer a seguir... Dispara a criminalidade.. Mas disso, ninguém fala! Só numa certa noite da semana passada contaram-se três carjacking e dois assaltos nesta cidade e arredores! Falta pouco, muito pouco até se começar a roubar por comida...Por comida que é como quem diz, por uma nova TV ou carro! Bravo! Estamos sem dúvida num óptimo caminho! E se muitos são os que pensam que mesmo assim não adianta fazer um esforço porque há os que não fazem nenhum, eu, que até sou daquelas que pensam: "Não há dinheiro, não há vícios", agora já só penso que o problema é muito maior do que a falta de dinheiro... mesmo que alguém pagasse as dívidas e injectasse dinheiro suficiente, só nos iríamos continuar a enterrar em mais dívidas, enquanto não tivermos uma mentalidade diferente... parece que a única solução é mesmo sair daqui enquanto ainda há dinheiro para uma viagem de avião... chamem-lhe cobardia ou falta de patriotismo (que verdade seja dita, nunca o fui), mas não sou eu que vou conseguir impedir essas pessoas de afundarem o país, muito menos as conseguirei impedir que me enterrem mais ainda... portanto, só me resta pegar no pouco que ainda sobra em mim de velhos ideais e partir para novas bandas em busca de uma vida melhor... porque aqui, está mais que sabido que é cada um por si para obter regalias, mas para ajudar os outros, está quieto!

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