quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Ser quem nunca serão

Muito se fala da suposta superioridade de alguns... de médicos, polícias, advogados, empresários e milionários... diz-se que pessoas assim normalmente sentem que têm o rei na barriga e olham de lado para as restantes pessoas. Sinceramente, não me enerva... nem me afecta sequer. Irrita-me sim, a mesma atitude em quem o faz apenas por frustração, falta de educação, valores, moral... Exemplo rápido: Semana de férias = semana de compras de Natal. As lojas como latas de sardinhas e num canto, em definição "16:9" um gorila com um qualquer conjunto de roupa, com uma placa: "segurança" ao peito e braços cruzados. (É só comigo que o conceito de segurança não é sinónimo de cara de poucos amigos e olhar desconfiado? Músculos à base de esteróides e barba por fazer? É que se eu viesse a precisar de ajuda numa loja, procuraria uma pessoa afável, simpática e que soubesse falar e não apenas grunhir! Se calhar nos dias que correm é pedir muito!). Bem, lá do alto do seu pedestal, vem de comando em punho para desligar um alarme que tocava... segurava-o como se de uma arma se tratasse e ele fosse o polícia (parece-me que havia ali uma certa dose de frustração!). Eu só tive tempo de me desviar ou o seu braço acertava-me em cheio. Assim, sem direito a "desculpe" ou "com licença". A farda (na cabeça dele) substitui toda a educação.
Mais tarde fui almoçar a um sítio que de nome e qualidade, há muito que os perdeu... vivem apenas da fama do que foram, arrogantes nos seus aventais castanhos (que já foram brancos), como se fossem chefes gourmet. E nós, quase que temos de pedir desculpa pelos pratos frios, queimados e maus. Duas palavras apenas: Nunca mais!
Desisti.
Hoje de manhã acordei cedo e resisti à tentação do calor da cama em dias de chuva, para me enfiar num shopping. Eu sei. Estava maluca. Cheguei 15 minutos antes da abertura mas só me apercebi disso, quando uma figura de 1,50 metro de gente, pequena demais para a sua calça e jaqueta, me impede (com uma voz máscula em corpo feminino), de entrar. É deveras ameaçadora com tão pouca altura e "walkie-talkie" na mão. Esperei enquanto assistia ao desfile de "barbies" na passadeira vermelha (invisível), em direcção ao shopping de cartão em mão e a entrarem... Olhavam para os restantes com cara de desdém e nariz empinado... Nas suas testas, algures pelo meio do kilo de maquilhagem, podia ler-se: "Não tem cartão, não entra!".
10horas e entra a multidão. Lá pelo meio julguei estar a reconhecer muitas caras... Não foi preciso um esforço mental muito grande para entender que eram as barbies! Tinham alterado os trajes para os vestidos de gala... E lá iam elas na passerela: a mulher que limpa os WC, a senhora que trabalha na charcutaria, a lojista do 2º andar que passa o dia a dobrar roupa...a diferença é que o sorriso que fazem aos clientes (amarelo), faz parte da farda. Tudo fachada!
E agora eu pergunto: Com a crise que por aí vai, é assim que esperam conquistar clientes e ultrapassá-la? A culpar os demais pela frustração deles mesmos e mesmo assim, acharem-se melhores que os outros?

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