domingo, 22 de julho de 2012

V.

As pessoas cansam-se. Do dia-a-dia. Do trabalho. Da crise. Da vida. Umas das outras. As pessoas cansam-se dos amigos mas não todos de uma só vez ou sem razão... Mas tu sim. Cansaste-te de tudo e disseste adeus. Cansaste-te de relembrar os bons momentos, os telefonemas, as saídas, as conversas e foste. Assim, como quem vai comprar cigarros e não volta mais. Como se tudo não passasse de um filme que tu escreveste ao qual mudas constantemente o final mesmo contra a vontade do público.
Foste. Sem avisar. Silenciosamente. Um dia estavas ali, no outro dia já não. Foste simplesmente. Sem pensar duas vezes. O que me leva a pensar, quanto valia a nossa amizade? Qual a importância que tinha? Valia assim tão pouco?
E podia ter sido só comigo. Era mais fácil de entender, colocaria uma vez mais as culpas em mim mesma e seguiria em frente mas não. Todos nós tivemos direito à indiferença. Todos ficamos à espera de um convite de casamento que nunca chegou. Não foi a noiva que fugiu, foram os convidados que foram expulsos. E desde o ano passado, ainda temos os presentes que não compramos mas que prometemos, para o primeiro filho de um de nós. E eu? Porquê eu? Fiz-te assim tanto mal? Eu... que nunca te julguei...
Sei que nada adianta mais... posso escrever e voltar a escrever que nunca vai mudar uma única vírgula nesta história. Ao menos que sirva para te dizer: Parabéns. Que o teu filho não cometa os mesmos erros que tu cometeste e que tenha uma vida mais feliz que a tua.

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