quinta-feira, 3 de outubro de 2013

O gelo em noites quentes

Lá fora faz frio. Aqui dentro ainda mais. O vírus que insiste em não abandonar as cinzas do que era, continua a ter o melhor de mim. Sentada na janela, respiro o ar gélido da madrugada. Já nada há a perder quando se perde tudo e se recomeça. E confesso, faz-me sentir mais viva do que nunca, voltar a sentir o que quer que seja.
Lá fora, não se vê uma viva alma. O frio conserva todos em redor de um aquecimento central qualquer e eu devo ser a única que desliguei o meu. Por companhia, a gata que pede um carinho que forço a ter sem saber o que isso significa. No fundo da mente, um só pensamento: "Vais perder tudo"- ecoa na minha cabeça uma e outra vez, dito por alguém bem mais sábio do que eu... e perdi. Não choro. Se isso não me mata certamente me tornará mais forte e clichés à parte, é hora de recomeçar. Também não tenho medo nem deixei que acontecimentos recentes matassem quem sempre quis ser. Continuo capaz de sentir embora seja um pouco confuso, continuo a pensar da mesma forma e quanto a amar... amo da mesma maneira incondicional de um amor puro. Embora por vezes me esqueça de o mostrar. Afinal de contas, não morri. Renasci... e não é todos os dias que se tem uma segunda chance... 
Fecho a janela por fim. O aconchego desta noite vem mascarado de uma outra forma de calor. Porque por vezes basta uma palavra para nos sentirmos mais vivos do que nunca.

Sem comentários: