terça-feira, 30 de setembro de 2014

Saudade

Se eu pudesse escolher, escolheria que o meu país não fosse um lugar impossível de habitar. Que a vida fosse menos difícil. Que eu estivesse mais perto daqueles que carrego no coração. 
Sinto falta de mim, do meu ser que lá deixei. Da minha história. As minhas coisas, agora empacotadas em meia dúzia de caixas. Os meus lugares preferidos. Os que se venderam, os que ainda sobrevivem e os que não se compram. O mar. O cheiro da maresia em noites de verão.
Se eu pudesse escolher, era lá que construía a minha vida. E seria feliz. Os poucos amigos que ainda lá vivem, dizem-me que ficam... Para segurar as "pontas" do país, até ser seguro eu voltar de vez. E eu choro. Choro de saudade e também por não saber quando será esse dia ou se alguma vez vai voltar a existir. Se eu pudesse escolher, era lá que estava agora. Num café entre amigos, um jantar de família, a mesma que vive menos feliz com a minha ausência em dias importantes.
Aqui, todos os dias são iguais. Sabem ao mesmo seja rodeada de turcos ou alemães. Faça sol ou chuva e o tempo, é passado a contar os dias que faltam para o regresso... Nem que seja temporário. Se eu pudesse escolher, já lá estaria.


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