segunda-feira, 6 de abril de 2015

A carta que nunca te escrevi

Esta é a carta prometida e falhada. Prometi a mim mesma por vários motivos e por outros tantos, rasguei-a vezes e vezes sem conta. 1? 2, 3? Isso agora não interessa nada. Não há volta a dar e as palavras escritas não passam de nódoas de tinta que apenas por acaso, formavam palavras. Importa o agora. O que me leva a escrever-te hoje e não ontem ou amanhã. O sentimento que dou às frases tentando, por vezes sem sucesso, dizer-te o o que quero. 

(Re)começo... Como vai a vida? O que fazes tu entre as horas mortas do teu dia? Imagino-te como eu, cabelo desgrenhado, roupa desalinhada, em frente ao ecrã do computador, caneca industrial de café, matando o tempo que nos aborrece até ao dormir. 30 minutos atrás, era eu que gastava o tempo entre notícias e vídeos de desgraças alheias, em jogos estúpidos num confronto viciado e se não fosses tu, era lá que ainda estaria. Não disseste muito mas sem saber como, despertei do coma induzido e forcei-me a sair de casa. Agora aqui, numa esplanada ao sol entre os 9 graus e a falsa primavera, dei conta que a vida é pequena demais para calarmos sentimentos e opiniões. Não vou gastar nem mais cinco minutos calada... São minutos que ninguém me devolve e que poderiam ter feito toda a diferença... ou não... Não saberemos.
E então, correndo o risco de me chamares lamechas, aqui deixo umas quantas opiniões se preferires, constatações, diria eu. Resultado de sentimentos que estupidamente guardo em mim talvez por medo de interpretações erradas. Sabes que mais? Não me interessa mais o que os outros pensam. Dei por mim a pensar que digo muito poucas vezes o quanto importante és para mim e a mostrar ainda menos. O quanto me fazes rir e que às vezes, és tu que me salvas de dias cinzentos, mesmo estando longe. E os anos passam... correm histórias e mentiras, algumas verdades e eu continuo a surpreender-me. 
Hoje, mais do que nunca, sinto a tua falta. De um café contigo, de ter de correr para te acompanhar o passo. O som das tuas gargalhadas que me contagiam a boa disposição. Sinto-me sempre melhor pessoa quando estou perto de ti. Mais humana. Mais meiga. Menos amarga e depressiva. 
E não. Nunca te dou o devido valor. Correcção, nunca o mostro. Guardo-o em mim esperando que as minhas acções o demonstrem. Peço desculpa se não o consigo. E assim mesmo, correndo o risco de ser mal interpretada, acho que está mais do que na hora de te lembrar que por vezes ser "o elefante na sala", não é sinónimo de coisa má.
Por tudo o que representas na minha vida, dito ou calado, obrigada.

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