domingo, 18 de outubro de 2015

Sair acompanhada e voltar só


Existem batalhas não apenas na televisão ou noutros países. Existem em nós. Na nossa vida. Dentro da nossa cabeça e igualmente difíceis de ver um fim à vista.
Viver fora do nosso casulo, apenas aumenta o número de lutas. A diferença de culturas. De opiniões. De comportamentos e atitudes. De pessoas...
Em casa, uma saída com amigos é sinónimo de alegria, de festa. Conversas longe de ter um fim. Aqui, chega-se a casa a horas de começar a festa e a barreira linguística, é para mim a mais difícil de transpor.
Como conviver sem falar?
Como conversar envolta em erros gramaticais?
Convidam-se amigos. Aqueles que são a alma da festa e nos ajudam a ultrapassar a linguagem. E vem outra batalha. A que surge quando fico sentada numa mesa rodeada de amendoins e cerveja, a vê-los ao longe a dançar e a rir. Isto nunca aconteceria no meu país. Mas eu estou cá fora... 2 goles na cerveja e 1 amendoim depois, danço com eles e penso o que dizer sobre o que estão a dizer. É tarde demais. Quando formo uma frase já eles estão um parágrafo à frente.
Desculpo-me e sigo para o quarto de banho. Só me apetece bater com a cabeça na parede, desejando ter os meus amigos de casa aqui, para juntos, fazermos a festa. Mas não estão e eventualmente as miúdas que estavam na fila, batem na porta. Saio e volto à mesa. Mais uns goles na cerveja, mais amendoins. Perguntam-me se estou bem. Minto e digo que me estou a divertir bastante. E eles acreditam. Soubessem eles...
Há batalhas assim, às quais nunca se vai a tempo de as ganhar e esta, está mais que perdida.
Desisto. Volto a casa e vejo-me sozinha, rodeada pelo nada. Ao menos este silêncio não é constrangedor ao ponto de saber o que quero dizer mas sem saber como o fazer.

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