sexta-feira, 5 de maio de 2017

23h:30m

Faço as contas. São seis da manhã. São 36 anos de vida e histórias, numa cabeça que actua como se tivesse 14. Ninguém me dá a idade que tenho e nunca percebo se isso é bom ou mau. Interessa? Não. Depende. Dos dias e dos humores. Da altura do mês ou da situação. No final, não me diz nada. Apenas que é mais um dia a respirar. Mais um ano para aproveitar. Momentos bons. Maus. Estranhos. Extraordinários. Abstractos. E sim, mais um dia a recusar escrever com o acordo ortográfico com o qual não me identifico. Não me interessa minimamente. Interessa-me sim o que me rodeia. Quem me moldou no que sou. Em quem me transformei. Não acho que seja má pessoa mas também não sou perfeita. Nem quero ser. Quem gosta, gosta, quem não gosta... gostasse. 
São seis e quinze da manhã e lá fora o céu não colabora com o dia de Primavera... São seis e meia e o meu dia parou ali. Já não é o dia dos meus anos e na minha memória ainda são seis e meia. Mesmo que tenha passado uma hora sentada numa cadeira a fitar o vazio sem mexer um fio de cabelo. Apática. Sem reacção. Será que estava a respirar? Não dei conta. Sei que estou aqui. Uma da manhã do dia 5... E continuo na mesma. Apática. Abstracta. Os pés que teimam em não assentar no chão. O pesadelo que insiste em não acabar e me prende num sono profundo e angustiante. Espero sem esperar que alguém me puxe daqui para fora. A verdade é que voltei ao mesmo abismo do costume e a tábua que me suportava já é velha e quebradiça. Não sei se tenho mais forças para sustentar o meu peso nela. E muito menos compreendo porque acabo sempre aqui. Mas cá estou eu... sem saber se aqui estou porque mereço. Porque me empurraram. Porque é algo que tenho de superar. Ou por outra qualquer explicação... se é que há uma. 
A verdade é que acho sempre que não posso agradar a gregos e troianos mas todos eles acabam por me matar aos bocadinhos... e eu deixo... mas eu também tenho sentimentos. Também sinto aquela faca invisível que espeta devagarinho no centro de mim. Será que isso importa? E porque é que eu permito que isso aconteça constantemente? 
É só mais um dia. Happy Birthday. Welcome to the same story. 

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