domingo, 13 de julho de 2014

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Tu nunca me perguntas. Nunca me dás o mote para te dar as respostas difíceis que explicariam o simples. E continuas assim. Na dúvida, perdido em mil e um pontos de interrogação como quem tem toda a coragem do mundo e na beira do abismo, perde as forças nas pernas. Desistes das perguntas a mim e enches-te delas em ti mesmo... E eu aqui, com todas as respostas na ponta da língua.
Perguntas apenas o básico. Aquilo que explica o que faço mas não quem sou. Aquilo que estou a ver mas nunca o que sinto. Surpreende-me! Por uma vez na vida, dá a volta a ti mesmo e atreve-te a perguntar. Pergunta-me quem sou, o que penso do mundo actual ou da política sem graça nem dinheiro que nos empobrece a alma e o bolso, pergunta-me o que me faz chorar ou rir, o que me alegra ou chateia. Ao fim destes anos, o que pensas tu saber de mim se nunca me deste uma hipótese de me dar a conhecer?
Dirias certamente que as minhas acções falam muito sobre quem sou. Mentira! As minhas acções são sempre baseadas naquilo que alguém interpreta delas ou então, fruto de uma censura num ou outro assunto, uma ou outra palavra. 
Sabes o que realmente me chateia? É o poder que não tenho sobre a ausência. Não a poder evitar... Especialmente a forçada. A obrigação de ter de me manter longe quando por vezes queria estar mais perto dos outros. Dos meus. De ti. Ter de evitar conversas e sentimentos que vão exigir um contacto que o mundo inteiro nos proíbe. Uma vez na vida, gostaria de ter a coragem suficiente para lutar contra ele.
E ficamos assim. Longe um do outro. Separados em km e em anos luz de pensamento. No segredo da noite, como um acto clandestino que oprimes durante o dia, fazes a ti mesmo as perguntas que só eu saberia responder, sem chegar a conclusão certa. E eu já não sei mais o que te dizer.

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