quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

Anxiety

Frio. Calor. Embotamento. Suores que correm o corpo e corrompem a pele. Pensamentos que atraiçoam o ser e desassossegam a alma.
Preso na garganta está aquele nó que não dói, não desata, não se engole...apenas mói. Não me apetece comer, sorrir, beber, falar. Quero apenas arrancar fora o bolo que me consome a garganta. Quero apenas sentir-me normal, seja lá o que isso for.
Saio de casa e parece tudo novidade. Não é um bom sentimento como quando compramos algo novo ou quando viajamos por ruas estrangeiras ao nosso conhecimento. O cérebro faz um último esforço de se manter a funcionar correctamente e diz-me que eu conheço este sítio mas a bateria está fraca e não me diz mais nada... então porque me parece tão estranho?
Já senti isto antes. O fecho da visão do mundo real e a sensação de que vou desmaiar a qualquer momento... a falta de força nas pernas e o coração a bater mais rápido do que consigo aguentar. E subitamente, a tontura que me acorda para um mundo diferente. Irreal. Intocável. Desprovido de qualquer sentimento.  E eu devia saber melhor... que guardar tudo para mim sempre termina desta forma. Com um ataque de ansiedade e uma ferida aberta no estômago, feita com várias facadas invisíveis dadas pelo stress... Mas sempre esqueço... e sempre me apanha em falso, sem aviso, sem marcação prévia...Torno-me espectadora da minha própria vida, sem mãos nela, sem controlo... E eu, que me lixe.
"Tens de ter calma"- dizem-me... irónico... foi o stress que me pôs nesta situação e estar nela ainda me deixa pior... pior e sem solução à vista, numa bola de neve gigante a rolar pela encosta.
Mudo a alimentação. Bebo mais chá. Mais água. Menos fritos. Perco peso, fico fraca, sinto-me mais doente ainda e conspiro sobre uma possível doença terrível. Mais stress. Mais peso em mim. Menos café, mais dor de cabeça e eu sem poder tomar um comprimido que me alivie disto... apenas bebo outros remédios, que sabem tal e qual como o meu perfume preferido. Demasiado bom para o corpo, péssimo no paladar. E espero... "Casa de ferreiro, espeto de pau", eu sei... Assim como sei o que me provocou tudo isto... Prometo mil e uma vezes a mim mesma que quando ficar boa, vou aprender a soltar as palavras. A dar voz ao que vai cá dentro... Mas daí até o fazer... vai uma distância tão grande como a do cérebro para o estômago...  Não é distante, é apenas complexa e cheia de voltas...

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